Waldemar José Solha
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Waldemar José Solha

A MELODIA VIVA DA MÚSICA BRASILEIRA: RUCKER BEZERRA DE QUEIROZ

Por: | 08/02/2025

A PARAÍBA NÃO PARA DE ME SURPREENDER. AGORA COM MAGNÍFICO TEXTO DE PALMARI DE LUCENA SOBRE O VIOLINISTA RUCKER BEZERRA DE QUEIROZ, QUE CONHEÇO DESDE QUE NASCEU - EM POMBAL - FILHO DE jOSÉ BEZERRA FILHO, O ZÉ BEZERRA QUE FIGURA NA PRIMEIRA PÁGINA DE MINHA AUTO B/I/O GRAFIA COMO O COLEGA DO BANCO DO BRASIL QUE ME LEVOU A ESCREVER E A PARTICIPAR DA PRODUÇÃO DO PRIMEIRO LONGA-METRAGEM PARAIBANO, O SALÁRIO DA MORTE - RODADO LÁ, EM 1969. O RUCKER TEVE A QUEM PUXAR.
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A MELODIA VIVA DA MÚSICA BRASILEIRA: RUCKER BEZERRA DE QUEIROZ
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PALMARI DE LUCENA
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A música, como um rio caudaloso, traça seu curso ao longo da história, carregando consigo notas de tradição, inovação e talento. Dentro desse cenário, Rucker Bezerra de Queiroz emerge como um dos mais expressivos violinistas brasileiros, um artista cuja sonoridade transcende fronteiras e cujo legado ecoa na preservação e renovação da Música Armorial.
Natural de João Pessoa, Paraíba, Rucker não apenas toca o violino – ele dialoga com ele. Desde os primeiros acordes sob a orientação do mestre Yerko Pinto, ainda em 1985, já se percebia um talento singular, um brilho que cedo iluminaria palcos nacionais e internacionais. A confirmação desse dom veio em 1991, quando venceu o XI Concurso Jovens Instrumentistas do Brasil, em Piracicaba-SP, revelando ao país um intérprete de rara sensibilidade e técnica apurada.
O caminho de Rucker sempre foi traçado pela busca incessante do aprimoramento. Em 1989, sua musicalidade o levou à Itália, onde foi laureado com nota máxima no exame de admissão do Conservatório Arrigo Boito de Parma. Mais tarde, nos Estados Unidos, bebeu da fonte dos grandes mestres ao estudar com Andrzej Grabiec, discípulo de Henrik Szeryng, e apresentou-se com a Eastern Philarmonic Orchestra, difundindo a riqueza da música brasileira em recitais memoráveis.
De volta ao Brasil, sua trajetória se entrelaça com algumas das mais importantes orquestras do país. Como spalla, liderou a Orquestra Sinfônica da Paraíba e a Orquestra Filarmonia-RJ, além de atuar como professor visitante na Universidade Federal do Amazonas e na Universidade Estadual do Pará. Sua presença nas salas de concerto e nos espaços acadêmicos demonstra que sua arte não é apenas para ser ouvida, mas também compartilhada, ensinada e perpetuada.
O professor e o intérprete se fundem em um único artista. Como docente titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e membro ativo do Programa de Pós-Graduação em Música, ele inspira novas gerações de músicos, promovendo a pesquisa e a performance da Música Armorial, um dos pilares da identidade sonora do Nordeste brasileiro. Sua atuação pedagógica é um fio condutor entre tradição e modernidade, entre o resgate de raízes culturais e a experimentação contemporânea.
Além do ambiente acadêmico, Rucker desempenha um papel fundamental na disseminação da música instrumental brasileira como diretor artístico da Camerata Parahyba e do Quinteto Uirapuru. Este último, um grupo que tem se destacado por sua abordagem refinada da música de câmara, foi laureado com o prestigiado Prêmio Tim de Música na categoria instrumental, reconhecimento incontestável do impacto de sua obra.
Entre os muitos momentos marcantes de sua carreira, há dois que Rucker sempre destaca com emoção singular. O primeiro ocorreu em 2013, durante o centenário do Festival Folclórico de Parintins, na Amazônia. Em uma apresentação memorável, ele executou um solo a mais de 40 metros de altura, suspenso por um guindaste, diante de uma plateia de 30 mil pessoas, defendendo o Boi Bumbá Garantido. Uma experiência de mistura de medo e euforia que se tornou um símbolo de sua entrega à música e à cultura brasileira.
O segundo momento transcendental aconteceu em 2018, na Sala Paulo VI, no Vaticano. Rucker teve a honra de tocar para o Papa Francisco, um instante de profunda espiritualidade e conexão. Em seu bolso, carregava uma foto de sua família, e ao final da apresentação, aproximou-se do Pontífice e pediu uma bênção especial. O Papa, com sua serenidade cativante, proferiu uma longa bênção em latim, um instante que Rucker descreve como uma das experiências mais emocionantes e sagradas de sua vida.
Rucker não apenas toca – ele traduz histórias, evoca sentimentos e resgata memórias. Sua sonoridade reflete a vastidão da cultura brasileira, ora vibrante e festiva, ora introspectiva e melancólica. Com apresentações que já atravessaram continentes, ele leva consigo o Brasil em cada nota, mostrando que a música nacional não é apenas um patrimônio a ser preservado, mas um universo vivo e pulsante, sempre pronto para ser redescoberto.
O nome de Rucker Bezerra de Queiroz inscreve-se na galeria dos grandes artistas brasileiros que fizeram da música sua missão. Com um violino em mãos e um coração afinado com as raízes culturais do país, ele segue esculpindo melodias que falam à alma, perpetuando uma herança musical que não se encerra – apenas se transforma, vibrando eternamente nas cordas.
Palmarí H. de Lucena


FONTE: Facebook - Acesse

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