Por: | 10/02/2025
Academia, meu mal, meu bem
Hildeberto Barbosa Filho
A APL, Academia Paraibana de Letras, para subsistir como a instituição respeitável que é, carece de escritores de verdade nos seus quadros. Carece de não temer sua feição aristocrática, tradicional e conservadora.
Pelo
que entendo, Academia é coisa de eleitos, de escolhidos, coisa, por si mesma, aristocrática. Reduto dos grandes e dos melhores.
O que mais tem prejudicado a Academia, na sua ossatura ontológica e no seu imponderável destino, é a democracia, este sistema que, segundo Bernard Shaw, nada mais é que a eleição de uns poucos corruptos por uma gama imensa de medíocres.
A Academia não pode ser uma instituição democrática, principalmente no fatídico capítulo das eleições. Lá não é nem nunca será o lugar da maioria. As razões da maioria lá não têm nenhum peso, nenhum valor, nenhuma serventia.
É exatamente por confundir as coisas e por considerar que o direito é de todos que a Academia enfraquece, adoece, apodrece, morre… Morre, e a imortalidade de seus sócios efetivos perde o sentido e a significação.
É por isto que qualquer fofa-bosta, cercado pela ilusão de uma sinecura pública, pelas lantejoulas dos tribunais, pela ambivalência do legislativo, pela autoridade do poder executivo e quejandos, se acham no direito de postular uma vaga.
E pior, além do paletó e da gravata, da retórica indolor do “data venia”, ostentam o seu livrinho de poemas. Vejam bem, de poemas. Nunca de poesia. Porque poesia é outra coisa e não tem nada a ver com verso e rima, imitação de modelos escolares, clichê, banalidades, idiotia.
Defendo a ideia de que a Academia não deve se abrir tanto. Ao contrário, deve se fechar no raro retângulo de sua grandeza. Do seu brilho vetusto. Da sua inadiável necessidade. O passado está ali. E o passado é quase tudo. Academia é memória, conhecimento, sabedoria
Defendo a ideia de que a Academia, só por existir, já presta um serviço. Ela é um serviço. Os que devem estar lá já trabalharam muito. Precisam ser reverenciados. São em certo sentido, um patrimônio do qual a sociedade deveria se orgulhar. Governos sérios deveriam pensar nisto. Estimular aqueles que pensam, escrevem e falam por nós.
Por isto aconselho a certos candidatos, uns e outros e outras, tomar uma dose grande de simancol.