Ainda
Estamos Aqui...; e a Anistia de 1979 também
Marcelo Rubens Paiva é militante escritor e escritor
militante. Seu livro “Ainda Estou Aqui” é arte literária e manifesto político;
em ambos os casos, magnífico. Juntando-se ao livro o filme de Walter Salles, as
duas Fernandas, o Selton Mello, o Oscar e o carnaval, o resultado está sendo de
uma bela e libertadora loucura.
Pela arte, Eunice Paiva e Rubens Paiva revivem para
a luta; e todos nós renascemos com eles. O estrondoso efeito do filme pelo Brasil
e pelo mundo – especialmente através da competência, esforço e carisma da
Embaixadora Mundial da Liberdade Fernanda Torres – está trazendo efeitos os
mais positivos para a nossa democracia e para a convivência pacífica e amigável
da gente brasileira.
Todavia, em meio a este mar de apreciações
animadoras, não deixei de ver um pedaço de grande equívoco. Eis que nas ondas
de aspirações renovadoras flutua um trambolho que pede a revisão da Lei de
Anistia de 1979.
Essa desarrazoada pretensão não é de hoje. Já em
2012 eu tratava do tema em um pequeno livro intitulado A Comissão e a Verdade – Sobre “anos de chumbo” e Anistia.
Dispondo-me ao embate/debate, recomendo a leitura do
referido livro, já velho de mais de 10 anos; o que lhe reforça os argumentos.
Por enquanto, citando a mim mesmo, deixo aqui um trecho:
“A Lei da Anistia foi comemorada com imensa euforia. Produziu os seus frutos. Querer revisá-la agora, passados mais de 30 anos, não é querer recuperar memória e verdade, é tentar recuperar o confronto. Isto, aliás, foi dito pelo deputado do PV Alfredo Sirkis, um herói da resistência, duramente perseguido pela ditadura. A negociação da Lei da Anistia não se concluiu por uma decisão ética, mas por uma decisão política, a qual, precisamente, houve por bem sobrepor à ética da justa punição a necessidade de parar o confronto, evitar mortes e torturas, libertar presos, retornar exilados e reconstruir a democracia”.
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