Belarmino Mariano
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PANORAMA GEOPOLÍTICO – DEMOCRACIA, GOLPES E DITADURAS NO BRASIL

Por: | 31/03/2025

 

 

Belarmino Mariano Neto[1]


 

Estamos no final de março de 2025 e parece que as velhas ideias envelheceram mais continuam vivas e vivemos exatamente a 61 anos de uma longa Ditadura Militar e a exatos 110 anos de criação oficial do primeiro Partido Fascista da história da humana, mesmo que o movimento com características ou marcas fascistas, tenham registro a partir de 1915, durante a Primeira Guerra Mundial e 1919 pós-guerra (ATTANÁSIO, 2019). Na atualidade, existem influentes interferências políticas extremistas e ou totalitárias no cenário internacional, em alguns países estas forças políticas conservadoras ascendem ao poder e ameaçam os princípios e valores democráticos. No Brasil desde 2016, com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a chegada ao poder de Jair Bolsonaro (PL), vemos as ondas extremistas ameaçando nossas instituições, soberania nacional e a nosso Estado Democrático de Direito.

Na atualidade, também predominam práticas políticas de militarismo ditatorial, intolerância e ódio contra grupos minoritários e ideologias ditas “comunistas ou socialistas”, a grupos étnicos, também populações LGBTQ+ entre outros ao exemplo de fechamento de fronteiras para refugiados, movimentos de xenofobia, nacionalismo, separatismo e fundamentalismos sejam cristãs, sionistas ou islâmicos. Também estão na ordem do dia, atentados e práticas genocidas contra minorias étnicas, fortes ataques de grupos supremacistas brancos, contra populações negras etc.

Para entendermos estes movimentos políticos precisamos ler primeiramente autores como Pisier (2004), que nos leva para as origens dos conceitos centrais e ideias primárias do clássico pensamento político em autores que vão de Platão a Foucault ou de Aristóteles a Rocoeur, nos chamando para um racionalismo lógico das diferentes abordagens políticas da contemporaneidade, período histórico em que devemos situar tanto o fascismo, quanto o nazismo e demais sistemas políticos totalitários, tendo em Rocoeur as mais profundas análises da experiência humana de quem experimentou os campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e viveu para se tornar um dos mais brilhantes filósofos políticos, com reflexões e contribuições para a fenomenologia, hermenêutica, ciências humanas e sociais.

A História e a Geografia Política do Brasil foram marcadas por vários golpes político-militares, desde a Colonização entre 1500-1822, com um grande massacre e escravização dos povos indígenas e africanos, que perderam seus territórios e suas riquezas para os invasores portugueses e outros. Em síntese desde os séculos anteriores que os militares com superpoderes e regalias, as elites agrárias e industriais urbanas com fortes poderes políticos e econômicos em um mundo caótico e marcado por guerras coloniais, primeira guerra mundial e crise do capitalismo mundial. Esse período de base para regimes autoritários, totalitários e extremistas de direita, com ares de nacionalismo patriótico tardio, em diferentes partes do mundo, em especial na Europa (nasceu o fascismo e nazismo) como tendências políticas capitalistas ou anticomunistas.

Esse mundo em guerras e regimes autoritários, deu margem para a instalação ou continuidade de governos autoritários em diferentes partes do mundo. Enquanto as democracias eram sufocadas, os direitos políticos individuais dos cidadãos eram roubados em nome da segurança nacional. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, governos autoritários e golpes de estados eram comuns em todo o mundo, em especial na América Latina e Central, pois o discursos nazifascista, mesmo que derrotados pela União Soviética, prevaleceram e esse novo momento político eram os primeiros acordes da “guerra-fria”, onde o bloco capitalista capitaneado pelos EUA, atacava o mundo soviético e a ideologia era clara e objetiva, impedir os avanços dos “comunistas” nas américas que eram áreas de influência dos norte-americanos.

Entre 1946-1992 passamos a viver uma forte disputa político ideológica entre os países identificados com as potências capitalistas liberais e os países ditos socialistas. Esse período era identificado como “Guerra Fria”, pois as duas superpotências geopolíticas (USA X URSS), não se atacavam diretamente, mas defendiam seus interesses geoestratégicos nos diferentes continentes e regiões. Guerras em escala regionais ocorreram em diferentes partes do mundo a começar pelos territórios coreanos, vietnamitas, africanos, do Oriente Médio e algumas áreas da América Latina (Mariano Neto, 2022).

Como políticas para conter o avanço de um ou do outro bloco em territórios estratégicos, os dois regimes apoiaram e contribuíram para a instalação de governos e regimes ditatoriais em quase todos os continentes. As ditaduras militares, também se tornaram comuns em países africanos que conseguiam conquistar suas independências coloniais, gerando o que podemos afirmar como governos que eram obrigados a seguir este ou aquele bloco internacional. Nestes países, tanto os movimentos socialistas, quanto os movimentos de independência colonial, apostavam em governos ditatoriais.

De acordo com Marcuse (1999), existe uma gigante aproximação entre a tecnologia, a guerra e fascismo. Todos os tipos de mecanismos foram usados com a introdução de regimes totalitários e diante dos horrores da Segunda Guerra Mundial, em especial com as atrocidades contra os judeus na Alemanha, o fascismo e o nazismo foram derrotados durante a Segunda Guerra Mundial, tanto pelos países capitalistas liberais (Reino Unido, França, USA entre outros, quanto pela URSS. Com isso, todos os partidos fascistas e nazistas do ocidente e do oriente foram dissolvidos e colocados na ilegalidade. Nas várias constituições de base democrática, o fascismo ou o nazismo foram banidos e qualquer partido que tentasse incluir estes termos em suas cartas programas ou manifestos políticos eram barrados legalmente (BOBBIO, 2000).

As ditaduras militares geraram uma espécie de governos totalitários governados por generais, que em todas as situações se mantinham no poder com apoio geopolítico e geoestratégico das potências capitalistas imperialistas e nas zonas de influência da URSS, seguia-se a mesma lógica. Diante destes cenários políticos e geopolíticos internacionais e nacionais, percebemos que os germes do fascismo e até mesmo do nazismo, ainda continuavam no imaginário político das diferentes sociedades.

No Brasil, entre 1945-1964-1990 dezenas de ditaduras militares foram implantadas em quase todos os países da América Latina. Eram regimes autoritários com forte articulação dos EUA e das elites econômicas nacionais. Estava tudo dominado e no Brasil, sucessivos governos com ideias mais democráticas e de apoio popular, eram sufocadas rapidamente. Nem precisava ter ideias socialistas, bastava querer fortalecer a economia popular, falar em educação, reforma agrária ou direitos da classe trabalhadora e eram fortemente massacrados pelos meios de comunicação como esquerdistas querendo implantar o perigoso comunismo na América Latina.

O estado capitalista manteve o status cor das elites agrárias e dos grupos capitalistas urbanos. Nestes países, ao longo da guerra fria, apesar dos avanços tecnológicos, aumentaram as desigualdades sociais entre as classes dominantes e o proletariado. A pobreza, o analfabetismo, a falta de moradia, educação, saúde e de segurança pública criaram um verdadeiro fosso entre riqueza e pobreza (CASTRO, 1956). O autor denuncia essas desigualdades em seu livro “Geopolítica da Fome”, tendo sido o mesmo perseguido e cassado do seu mandato de Deputado Federal (PTB) pelo AI-1, com a instalação da Ditadura Militar que passou a vigorar no Brasil entre 1964-1985.

Por onde anda o fascismo e o nazismo, em meio a este longo período de Guerra Fria? Se fossemos mapear ou identificar as marcas do fascismo no Brasil, teríamos que voltar para as décadas de 1930, com o Movimento Ação Integralista Brasileira (1932-1937), que mesmo não tendo chegado oficialmente ao poder executivo do Brasil, foi base para que Getúlio Vargas, usasse os integralistas em suas bases políticas para em seguida, lhes colar na ilegalidade política e na dissolução do partido (AZAMBUJA, 2008).

Para Raffestin (1993), as disputas políticas e territoriais devem levar em consideração as forças populares, para além da dominação política do estado-nação, vemos que em situações de autoritarismo ou de ditaduras militares, os regimes antidemocráticos, impedem a participação popular direta, suscitando movimentos de resistência, que quase sempre, são sufocados pelas forças militares controladas por aqueles que estão no poder.

O Brasil é um dos melhores exemplos para entendermos onde estão as marcas nazifascistas que atualmente emergem com tanta força em diferentes países do mundo e que inclusive, são alimentadas por grupos conservadores e extremistas instalados em países como Estados Unidos, Brasil ou Ucrânia, considerados como exemplos bem atuais.

No Brasil, tivemos vários momentos em que o país foi politicamente estruturado com base em regimes ditatoriais. No império que era centralizado na figura do imperador (1822-1889), com a destituição do império com um golpe militar promovido pelos marechais (1889-1930), identificado como Primeira República. A também conhecida como República Velha, foi constituída por um regime militar e por uma elite agrária controlada pelos grandes produtores de café (PRADO JR. 2011), com publicação original em 1956.

A velha tradição, “Deus, Pátria, Família e Propriedade”, reascendeu ao poder no Brasil, tanto durante a Ditadura Militar, quanto agora com a volta da extrema direita ao poder e suas tentativas frustradas de golpe militar. Para Prado Jr. (2011), Vargas tolerou os integralistas (nazifascistas brasileiros) até 1937, se utilizando de algumas das suas ideias nacionalistas, centralizadoras e autoritárias, mais em 1937 colocou o movimento integralista na ilegalidade e dissolveu a AIB (similar ao Partido Nacional Fascista italiano). Mas será que o movimento foi de fato dissolvido, em meio ao Estado Novo, implementado por Getúlio Vargas?

Chiavenato (2008), destacou que Vargas vacilou entre 1937 e 1940, em relação a uma posição oficial do Brasil, diante da Segunda Guerra mundial, com grande tendência em apoiar o Nazifascismo (Alemanha e Itália), vale lembrar que no Brasil, existiam milhões de imigrantes italianos e alemães e que de repente poderiam estar dispostos a lutar ao lado dos seus compatriotas, caso fosse necessário. Mas a pressão internacional, especialmente vinda dos Estados Unidos, fez o governo Vargas recuar e entrar na Guerra ao lado dos americanos, inclusive com a seção territorial de Natal e Parnamirim (RN) para a instalação de uma base militar americana para ações geopolíticas durante a segunda guerra mundial.

Para Prado Jr. (1970), multinacionais americanas passaram a se interessar pelo território brasileiro e as oligarquias rurais ainda eram fortes grupos políticos que disputavam controle político e econômicos regionais, cada vez mais nacionais. O Brasil ainda mantinha grande isolamento territorial e atraso de desenvolvimento urbano industrial. Sua balança comercial ainda era predominantemente dependente de gêneros agrícolas e extrativismo.

Para Prado Jr. (1970), palavras como família tradicional cristã, conservadorismo, amor à pátria e defesa incondicional da propriedade privada, se tornaram palavras de ordem de alguns grupos que passaram a se agrupar em torno de alguns partidos que surgiram entre 1945 e 1964.

Granja (2021), destaca que além de três partidos com capilaridade nacional representados como Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), União Democrática Nacional (UDN) e Partido Social Democrático (PSD), surgiram ou se reagruparam outros partidos menores como: Partido Social Progressista (PSP); Partido Republicano (PR); Partido Democrata Cristão (PDC) e a antiga Ação Integradora Brasileira (AIB) que agora estava organizada como Partido da Representação Popular (PRP), que era liderado por Plínio Salgado (Granja, 2021).

Granja (2021) alerta para a ideia de que no Brasil, se instalou um golpe militar com uma ditadura militar-fascista. “vale recordar o 13 de março de 1964, quando o presidente João Goulart pronunciou o famoso discurso do comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Conhecido também como o Comício das Reformas de Base, nele Jango comprometeu o governo com um programa de mudanças estruturais no país” (Granja, 2021, P.1).

O autor aponta que, entre as reformas estruturantes ou de base estavam: Reforma Agrária em terras federais que se encontravam as margens das rodovias, ferrovias e açudes; investimento de 15% da renda em educação com base no método Paulo Freire; controle da remessa de lucros das multinacionais para o exterior, reforma tributária, com redução progressiva das alíquotas do imposta de renda, de acordo com a renda do cidadão, reforma eleitoral com direitos para analfabetos e militares e coerção à interferência do poder econômico em campanhas eleitorais (Granja, 2021).

Para Granja (2021) estes foram os elementos políticos que desencadearam o golpe militar do dia 1º de abril de 1964/1985. Em plena Guerra Fria, estas medidas golpistas se tornam comuns em dezenas de países da América Latina, com direta interferência dos centros de informação dos Estados Unidos e total apoio das elites nacionais e dos grupos de extrema-direita que já tinha espaço político no cenário nacional. Os grandes jornais de circulação nacional como: Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e Jornal O Globo, além de jornais regionais da imprensa burguesa nacional, passou a desferir fortes ataques ao governo Jango, com apoio declarado ao Golpe Militar (Granja, 2021).

            Os militares assumiram o poder e passaram a atacar fortemente os grupos considerados de esquerda, movimentos operários, sindicais, camponeses e estudantis. Com o fechamento do Congresso Nacional e a cassação de mandatos parlamentares, além do fechamento de assembleias legislativas, além da perseguição a partidos como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), parlamentares do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Socialista Brasileiro (PSB) entre tantos outros que se colocaram contrários ao golpe militar. Governos estaduais comandados por partidos de esquerda foram completamente desmantelados, com as lideranças e governadores presos ou exiliados.

            De acordo com Granja (2021), foram criados vários cenários de protestos das elites dominantes, inclusive com apoio de conservadores cristãos ou católicos e dos movimentos de Deus, Pátria e Família, base de sustentação fascista no Brasil, todos estiveram na linha de frente com o pedido de intervenção militar no país. Rádios e Jornais da direita conservadora garantiram a propaganda golpistas e antidemocrática, os Estados Unidos deram o suporte e até forças armadas para impedir alguma resistência ao golpe estavam mobilizadas para este fim. Nesse sentido, Granjas (2021) recupera um editorial do Jornal o Globo (02 de abril de 1964), da manhã seguinte a derrocada da ordem democrática.

Foram 21 anos de um Regime militar autoritário, com presidentes escolhidos por um congresso completamente submisso ao regime, baseado em um bipartidarismo e a um Supremo Tribunal da Justiça Militar. Os governadores de Estados eram biônicos, ou seja, indicados pelo presidente de República, sempre era escolhido por uma junta militar, entre generais e indiretamente aprovado pelo Congresso Nacional.

O bipartidarismo era formado pela Aliança Nacional Renovadora (ARENA), que era a reunião de todos os grupos políticos da direita a extrema-direita, elitista, conservadora oligarca do país. O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) era um grupo de oligarcas que pousavam de oposição democrática, que não fazia oposição em quase nada ao regime. Claro que em escala regional, alguns grupos da esquerda conseguiram se infiltrar no MDB e tentavam sobreviver ao difícil período antidemocrático. Nas décadas finais, o MDB virou um guarda-chuva que agrupava diferentes correntes e lideranças que já não aguentava mais ser perseguida pelo regime autoritário.

Milhares de intelectuais, artistas, juristas e políticos de esquerda foram obrigados a se exiliarem em diferentes países e outros milhares foram presos, torturados, mortos ou desaparecidos nos porões da Ditadura Militar. Os grupos políticos de esquerda passaram a fazer resistência ao regime autoritário, através de movimentos guerrilheiros urbanos e rurais, com ações armadas. Quando algum militante era preso, rapidamente seu rosto era estampado em jornais, como Comunistas e inimigo da pátria. Artistas passaram a produzir uma cultura de resistência e de protestos velados a Ditadura Militar e em muitos casos tinham suas composições e eventos censurados.

De acordo com Marcondes Filho (1990), a violência política está no seio dos regimes totalitários e antidemocráticos que se instalaram mundialmente, sempre com um discurso que estão agindo em defesa dos interesses e desígnios da própria sociedade. Então estas práticas comuns aos regimes autoritários em países como o Brasil, Argentina ou Chile durante a Ditadura Militar de Pinochet (1972/1987), com direto apoio norte-americano, desenrolam marcas de uma profunda aproximação entre o militarismo autoritário e o fascismo político.

Para os fascistas, a prisão, tortura morte ou desaparecimento de suposto comunista era motivo de festa, de alegria e de realização do regime totalitário, aos moldes do que ocorreu na Itália, Alemanha de Mussolini e Hitler. Propagandas anticomunistas eram constantes em rádios, jornais e cartazes, com estímulos para que a população entregasse supostos clandestinos e fugitivos da justiça militar brasileira.

As marcas do fascismo estão em diferentes cenas da vida política ocidental e oriental da Europa, durante décadas pós-segunda guerra mundial e, por incrível que pareça, ganhou solo fértil em países capitalistas subdesenvolvidos que eram controlados ou influenciados geopoliticamente pelos Estados Unidos. Foi assim no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Venezuela, Colômbia, Panamá, entre outras dezenas, isso apenas na América Latina (Olic, 1992).

Aportamos em 2025 e estamos a exatos 61 anos de autoritarismo, golpes e tentativas, pois em 31 de março de 1964-1985, foi instalada um Ditadura Militar no Brasil, em uma sequência de dezenas de outras ditaduras militares na América Latina. No Brasil como o maior país do continente Sul-Americano, os impactos da ditadura foram muito fortes e ainda povoam o imaginário de milhares de pessoas que foram atingidas diretamente pelo golpe.

O Deputado constituinte Agassiz Almeida, um perseguido pela Ditadura e que fez importantes registros em defesa da democracia dos direitos constitucionais. Ele nos contou em uma entrevista que " - Na madrugada de 1° de abril de 1964, os generais golpistas cometeram vários crimes previstos na legislação que vigorava na época (Lei nº 1.802/ 53), a exemplo da promoção de insurreição armada contra os poderes do Estado (reclusão de 3 a 9 anos) ou de atentado contra a vida, a incolumidade e a liberdade do Presidente da República (reclusão de 10 a 20 anos). O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2010, por crimes contra a humanidade praticados durante a ditadura militar de 1964".

Os anos de chumbo ou ditadura militar é marcante para os nossos dias atuais, quando pela primeira vez, um filme e atores brasileiros ganham um Oscar, além de outros vários prêmios e troféus, justamente com um Filme sobre os desaparecidos do Regime Militar brasileiro. A Resistência cultural, na música, no teatro, no cinema e em muitas outras expressões. “Ainda Estou Aqui”, filme premiado em dezenas de festivais nacionais e internacionais é a prova da resistência aos regimes autoritários.

Quanto mais os militares perseguiam os artistas ou músicos, mais eles usavam sua arte e sua voz para protestar e resistir ao regime autoritário. Muitos consideram o período de maior produção musical da história da Música Popular Brasileiro, com músicas de protesto e de resistência na luta em defesa da liberdade de expressão, da democracia a da cultura popular. Mesmo com o fim do regime militar a partir de 1985, a violência política com diretrizes de extrema direita e defesa da volta dos militares, sempre foram fomentados em grupos que não reconhecem os processos democráticos.

No Brasil a abertura política se seu a partir de 1979, mas só se consolidou por volta de 1988, com a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte e a promulgação da Constituição que marcou o início da Nova República. Os movimentos sociais já estavam espalhados por todo o país, mas os militares fizeram todos os tipos de manobras dentro do Congresso Nacional para enterrar todos os seus crimes políticos e humanitários, aprovando uma Lei de Anistia em que abriam o país para um lento e gradual regime democrático, sem que houvesse qualquer tipo de comissão para fazer uma apuração e punição aos que cometeram crimes durante o regime antidemocrático.

Vale apenas registrar que ainda existes grupos políticos clandestinos ou ilegais que ainda não conseguiram regular legalmente suas agremiações partidárias ou simplesmente preferem atuar fora do campo político partidário oficial. Mas esse quadro demonstrativo organizado pelo portal histórialivre.com (FEBER, 2010) nos dá uma noção aproximada e oficial do que passou a existir com a reabertura político do Brasil, especialmente entre 1979 até 1988, mas que, até certo ponto já se encontra desatualizada, visto que novos partidos já foram legalizados enquanto outros foram fundidos e renomeados, além de alguns que aguardam a sua legalização. Depois de 2010, surgiram novas nomenclaturas e novos raças partidários que demando o registro oficial de mais de 33 partidos políticos, além de uma outra dezena que aguardam suas legalizações.

Mariano Neto (2016) fez um levantamento sobre os ataques antidemocráticos recentes contra o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e dos ataques sistemáticos aos governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), governos que funcionaram entre os anos de 2002 a 2008 e continuaram com Dilma até 2015, quando foi interrompido com um golpe político, jurídico e midiático, orquestrado principalmente por estes partidos que se originaram do antigo MDB e ARENA e que davam sustentação ao regime militar (1964-1985). No impeachment contra a presidenta Dilma, até partidos que se consideravam socialdemocratas, como PSDB, estiveram na linha de frente desse golpe, contribuindo fortemente para que os grupos de extrema-direita passassem a defender o retorno da Ditadura Militar.

O golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) continuou em uma violenta campanha de difamação e ataques contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e demais partidos de esquerda que defenderam a continuidade do mandato da presidenta. Também foi patente a participação de grandes empresários, agropecuaristas e até de interesses externos que queriam o fim do governo popular que atrapalhava os interesses das políticas neoliberais das grandes corporações transnacionais e multinacionais, em especial do capitalismo americano (MARIANO NETO, 2016). Até mesmo o PMDB que era parte do governo tendo Michel Temer (MDB) como vice-presidente foi um dos principais articuladores do golpe, que inclusive lhe manteve no poder, tendo ocorrido apenas o impedimento político da presidenta.

No início do século XXI, entre 2005 e 2015, em pleno processo de redemocratização do Brasil e com a ascensão das redes sociais, grupos de extrema direita se propagaram pelo mundo e no Brasil não foi diferente, desde movimentos neonazistas e neofascistas até representação política em partidos de extrema direita, passaram a alimentar ataques a governos que defendia a democracia popular e os interesses e direitos sociais, além de xenofobia e preconceito regional, passaram a ser comuns e expressões em redes sociais e até mesmo nas vias públicas dos grandes centros urbanos.

Em 2013, os ataques contra a democracia e contra o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), ganharam as ruas e com apoio da grande mídia e dos partidos de direita e extrema direita, passaram a ocupar as ruas em protestos que nem sempre sabíamos por quem eram de fato motivados. Ainda existe um grande debate teórico sobre esses movimentos mascarados, de onde vieram, quem são e quem os financia. Uma coisa é certa, alguns grupos estão ligados aos movimentos libertários radicais como anarquistas, mas a grande maioria lembra bem vândalos de extrema direita como os neonazistas. Esses grupos passaram a agir com muita violência e em muitos casos com a depredação, principalmente de patrimônio público, o que deixou muitos pesquisadores em dúvidas sobre os reais propósitos políticos dos grupos que evitavam ser identificados.

O mais marcante foi observarmos que, os grupos extremistas que atuaram com o método do vandalismo para instalar o caos, cumpriu uma agenda inicial de tocar o terror e gerar uma instabilidade política que era propagada pela grande mídia como um estado de sítio, em que o governo federal havia perdido o controle da situação e o país estava em uma situação de ingovernabilidade. Cumprida essa agenda, os Black blocs sumiram como a fumaça das suas ações destrutivas. Ainda hoje não sabemos quem eram, se foram presas e se responderam algum tipo de processo.

Na sequência veio uma nova leva de grupos que, se vestiam de verde e amarelo como em uma encenação de patriotas ou nacionalistas. O mais grave é que esses grupos tinham lideranças, geralmente jovens e personalidades com um discurso apolítico, chamando as pessoas através das redes sociais para ocuparem as ruas, com camisas da seleção, bandeiras do país e em meio a essa multidão, faixas e cartazes defendendo a volta da ditadura militar e a intervenção das forças armadas e o pedido de cassação da presidente.

Na sequência, grupos de extrema direita, com nomes e figuras sociais que atuavam por dentro das redes sociais passaram a tentar capitanear a força dos movimentos para propósitos antidemocráticos e de ataques diretos ao governo de Dilma Rousseff e a todos os partidos de esquerda, numa clara demonstração neofascista e neonazista de ataque aos ideais socialistas ou comunistas. A violência política entre 2013 e 2014, ano eleitoral foi totalmente atrelada a um discurso de defesa da volta de uma ditadura militar e de clara ação antidemocrática e golpista. As imagens golpistas com faixas e cartazes e forte ação nas redes sociais, chamavam as pessoas para as ruas e nem todos entendiam o que estava realmente acontecendo.

Na mesma linha do que ocorreu a partir de 2010 no mundo árabe, com a chamada "primavera Árabe", em que através das redes sociais surgiram centenas de movimentos, lutando contra determinados governos que não eram aliados dos Estados Unidos. Demonstrou que existiam forças políticas internacionais de extrema direita que estavam atuando em várias frentes e o Brasil que até aquele momento era governado por partidos de esquerda, passou a ser alvo de manifestações gigantescas.

Não se descobriu quem eram os organizadores e financiadores diretos, mas ficou claro que era uma articulação que tinha o apoio da grande mídia, de partidos de direita e extrema direita e até mesmo de grandes empresários, ligados ao agronegócio, indústria e comércio. A imprensa tentava criar um discurso de que se tratava de um movimento espontâneo da sociedade, em que as pessoas estavam nas ruas, pois eram totalmente contra as políticas econômicas e sociais adotadas pelo governo Dilma. Mas, mesmo com todos estes movimentos, a presidenta conseguiu se reeleger para o segundo mandato, derrotando uma gigante coalizão de partido da direita, encabeçados por Aécio Neves (PSDB/MG), deixando os grupos de direita e extrema direita mais revoltados ainda

Em diferentes estados brasileiros com governadores de direita e em Brasília passamos a vivenciar uma violência militar injustificada, com ataques constantes a trabalhadores e outros setores da sociedade, em especial entre as populações periféricas e mais vulneráveis. O discurso de "bandido bom é bandido morto", os ataques contra nordestinos em centros como São Paulo e Rio de Janeiro, eram algo comum, pois o Nordeste havia dado uma grande maioria de votos na reeleição da presidenta Dilma.

No Congresso Nacional, grupos políticos de direita e extrema direita armaram uma cassada e perseguição política aos atos da presidenta e dia a dia, criaram um itinerário de ingovernabilidade. Mesmo assim, a presidenta conseguia articular grandes negócios e ações políticas e econômicas internacionais como a participação do Brasil no BRICS. Sem motivos reais para a cassação de Dilma Rousseff, o seu vice Michel Temer (MDB) rompeu com o governo e passou a atacar e dar subsídios para derrubar a presidenta. Com uma forte aliança entre a oposição e agora os aliados do vice-presidente, e com a invenção de um crime atípico que ficou conhecido como pedaladas fiscais e com a destruição midiática da imagem pública da presidenta, envolvendo supostos esquemas de corrupção em estatais brasileiras, o Congresso Nacional cassou a presidenta e assumiu em seu lugar o Vice Michel Temer em uma das maiores manobras golpistas da história recente do Brasil.

Nas ruas de Brasília, movimentos sociais e sindicais passaram a realizar grandes manifestações de apoio a presidenta Dilma e contra os ataques abertos ao regime democrático e aos direitos políticos da presidenta legalmente eleita pela maioria dos eleitores brasileiros. Como resposta, o vice-presidente em atividade passou a reprimir violentamente estes movimentos com fortes ataques militares contra os manifestantes que não reconheciam legitimidade de Michel Temer.

Os movimentos sociais e sindicais percebendo que os deputados e senadores poderiam derrubar o governo Dilma, passaram a organizar movimentos por Diretas Já e em defesa dos direitos da classe trabalhadora que estavam sendo destruídos com reformas que a presidenta não concordava. Estávamos vivendo uma espécie de neoliberalismo econômico atrelado a políticas neonazistas de fato. Entre 2015 e 2016, os grupos políticos conservadores, conseguiram avançar suas pautas antidemocráticas e antipopulares e construíram as bases para a cassação do mandato da presidenta Dilma.

Foi criada uma narrativa de que existia muita corrupção e desvio de ativos da Petrobrás e em nome dos empresários acionistas americanos, se passou a pressionar o governo através de um bombardeio de notícias de corrupção dentro da Petrobrás. Essa foi a principal mola propulsora do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.

Esses são alguns discursos que prevalecem nas redes sociais e na grande mídia, em que alguns analistas políticos tendenciosos, tentam explicar o fenômeno como um movimento social espontâneo que juntou pautas anticorrupção e antipolítica. Mas na verdade, ficou claro ao longo das revoltas que existia um dedo invisível do mercado, de grandes corporações pelo controle de recursos energéticos como o Pré-Sal, bem como pela aceleração de reformas ultra neoliberais que estavam sendo desaceleradas pelos governos do PT e o momento político era justificado pela continua e orquestrada ação antipetista, que naquele momento eram simbolizadas por Dilma e Lula.

Agassiz Almeida, em um artigo de março de 2020 (Brasil, 247), publicou que "o então Presidente Jair Bolsonaro determinou que o Ministério da Defesa fizesse as “comemorações devidas” para que as Forças Armadas celebrassem o Golpe de 64.  Esses fatos e atitudes golpistas recentes, são os piores absurdos desse governo, que foi eleito pela via do voto e se utiliza da democracia para fazer apologia ao golpe militar, ditadura e generais sanguinários. A violência política, a subtração dos direitos políticos e a perseguição aos opositores marcaram o retrocesso desse governo. Então temos nos preocupar com uma pedagogia que implique no resgata da memória e da luta contra qualquer tipo de opressão e violência política.

Vencida a etapa de cassação da presidenta Dilma, todas as forças midiáticas e jurídicas se voltaram para o ex-presidente Lula (PT), que já em 2017, liderava todas as pesquisas da corrida presidencial, ganhando em primeiro turno de todos os possíveis candidatos. Lula e os partidos de esquerda que eram próximos foram fortemente atacados e a ideia principal era tornar o pré-candidato inelegível, lhe imputando todo e qualquer tipo de suposto crime, que lhe pudesse gerar uma prisão. A vida do ex-presidente e de sua família foi devastada, tanto pela mídia, quanto pelas redes sociais e pela Lava-Jato, um grupo de jurista que montaram uma equipe anticorrupção para julgar todos os tipos de processos que envolvessem corrupção nas empresas estatais, tendo a Petrobras como o principal alvo.

No caso de Lula que era acusado de todos os tipos de crimes, os acusadores não se responsabilizavam pelo ônus das provas e simplesmente atrelavam qualquer esquema de suposta corrupção era linkada com o Lula, de invenções fantasiosas sobre a compra de um apartamento triplex, a compra de sítio, desvios de recursos da Petrobrás entre outros crimes. Vazamento de áudios de conversas do Lula com a ex-presidente Dilma foram vasados sem segredo de justiça, expondo a vida e o maior cargo do país. Delações forçadas de empresários que eram ameaçados e tinham suas empresas interditadas, até que fizessem delações relacionando o ex-presidente Lula com supostos crimes de corrução, até que em julgamentos sem provas e apenas pela força das convicções dos procuradores, condenaram e prenderam Lula por 580 dias.

Ao longo de quatro anos, com uma pandemia internacional de COVID-19, negacionismo em relação a vacinação da população, com milhões de casos e milhares de mortes o governo foi se desenvolvendo. crises ambientais, escândalos de corrupção, liberação de crimes ambientais e reformas que destruíram com os direitos de servidores públicos, desemprego, inflação foram as máximas do governo. Os discursos e as práticas de extrema direita, isolaram o Brasil no cenário internacional e Bolsonaro encheu o governo de militares, apostando em um governo ditatorial.

Quando não conseguiram mais sustentar Lula na cadeia, pois seus advogados provaram sua inocência em dezenas de processos, Lula se tornou mais uma vez presidenciável. E nas primeiras pesquisas Lula já liderava sob todos os pré-candidatos. Nesse meio tempo, Bolsonaro passou a estimular grupos para a prática de atos antidemocráticos e para o questionamento das urnas eletrônicas e das próprias eleições.

Nessa queda de braços entre fakes news, urnas eletrônicas e corrupção na compra de vacinas para a Covid-19, Bolsonaro foi se desgastando e perdendo espaço nos cenários eleitorais. Escândalos de seus familiares sobre enriquecimento ilícito na compra de imóveis milionários, elevaram o tom golpista de Bolsonaro, sempre aparelhando a Polícia Federal e Rodoviário aos seus préstimos, além da tentativa de aparelhamento das forças armadas, como estímulo ao discurso de golpe militar.

Com um governo desastroso e com práticas antidemocrática, além de dezenas de denúncias de crimes de corrupção, tanto do presidente, quando dos filhos e aliados políticos. O Governo Bolsonaro, vem conseguindo fazer profundas reformas políticas que prejudicam principalmente a classe trabalhadora e beneficial as elites dominantes, tanto locais quanto estrangeiras. Vivendo um caos administrativo e político, seguido por uma crise econômica, além de uma pandemia do Covid-19, além de crimes ambientais, levaram o Brasil para uma triste e difícil realidade política, econômica, ambiental e de saúde pública.

O Governo Bolsonaro e seus apoiadores políticos de extrema-direita, direita e centro-direita, a todo momento, ameaçam a instabilidade política e o regime democrático, violentos ataques contra as instituições que por algum motivo criticam o governo ou encaminham ações contra o governo. O Brasil, saiu de um governo estável e democrático para um governo golpista de Michel Temer (MDB), e com Bolsonaro se tornou um governo nitidamente autoritário e antidemocrático, passando a nomear ministro e demais cargos em escala federal para militares reformados e aliados políticos sem qualificação para os cargos. Isso tem gerado uma verdadeira catástrofe das instituições e dos interesses nacionais.

Na linha dominante para as tentativas golpistas se instalaram no país e buscaram apoio popular em movimentos de extrema direita. Frases relativas a volta da Ditadura Militar, ao fechamento do Congresso e do STF, através da sugestão de reedição do Ato Institucional nº5 (AI-5), ataques aos movimentos sociais, ataques contra as etnias indígenas e as populações quilombolas, além dos camponeses ligados ao Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST), ataques ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e as suas lideranças, ataques aos Movimentos Negros e aos Movimentos LGBTQ+, ataques aos Movimentos de Mulheres, entre tantos outros grupos identificados de esquerda, que são fortemente ameaçados como Comunistas ou Petistas, com afirmações de que deveriam ser expulsos do Brasil e até ameaças de morte e morte de fato, como aconteceu contra a Vereadora Carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018 por grupos milicianos do Rio de Janeiro e até o momento, ainda não foram encontrados, nem presos ou condenados pelo terrível crime. Vale o registro de que Marielle era pré-candidata a Senadora pelo Psol e ameaçava frontalmente o filho do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).

Bolsonaro e seu grupo político, apoiado por grupos evangélicos de extrema-direita, grandes produtores do agronegócio, partidos e grupos de extrema-direita, além de empresários dos transportes rodoviários (caminhoneiros), passaram a financiar materiais de campanha com imagens militaristas, anunciando a necessidade do fechamento do STF, entre outras atrocidades como um Golpe Militar e a instalação do Estado de Sítio e suspensão dos direitos políticos constitucionais, passando o comando do país ao regime militar com a continuidade de Bolsonaro na presidência.

A ideia do presidente era de mobilizar cerca de 1 milhão de pessoas em Brasília, mais de 1 milhão em São Paulo, no Rio de Janeiro e em todas as demais capitais do país, além de grandes centros urbanos com mais de 50 mil pessoas, gerando o que eles consideravam uma demonstração monumental de força política que justificasse o presidente para a instalação oficial do Estado de Sítio e a desintegração do regime constitucional democrático. Usar a população enquanto massa de manobra sempre foi uma marca do fascismo, para justificar seus atos autoritários.

Ao final do dia 07 de setembro, as imagens não eram animadoras, pois, apesar de muita gente nas ruas, estes números eram muito pequenos, com estatísticas da própria Polícia Militar Distrital, que reconhecia um limite de no máximo 100 mil pessoas em Brasília, também em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, com essa mesma média de pessoas. Mesmo assim, o presidente fez sobrevoos nos locais dos atos e ainda fez um discurso inflamado e de ataques ao STF e aos demais poderes constitucionais, tanto em Brasília, quanto em São Paulo, com flagrante e criminais ataques a Constituição e a Democracia brasileira.

Ao final da noite do 07/09/2021, os grupos bolsonaristas chegaram a comemorar um falso comunicado de que o presidente havia convocado o Conselho de República e que havia decretado Estado de Sítio no país. Para piorar a situação, no dia seguinte durante a madrugada, o presidente enviou um comunicado de voz aos seus apoiadores caminhoneiros que eles liberassem as rodovias, pois os atos não faziam mais sentido e poderiam ampliar a crise econômica, gerando desabastecimentos e aumentando a já elevada inflação do país.  Esse comunicado gerou dúvidas e insatisfação entre seus próprios apoiadores.

Mas o pior estava por vir, durante o dia, o presidente aconselhado pelo ex-presidente e golpista Michel Temer (MDB), redigiram um documento, em que o presidente assinou e justificou que os atos foram impensados e que as suas falas foram estabanadas e despropositadas, que em especial proferidas contra o Ministro do STF Alexandre de Moraes. Ao mesmo tempo em que faz um pedido formal de desculpas, se compromete com a manutenção da ordem constitucional e com os princípios democráticos, garantindo a independência e a harmonia entre os poderes da República.

Esta nota oficial do presidente Bolsonaro gerou muita revolta e indignação entre seus grupos de apoio mais radicais ou extremistas. Grupos autoritários e com marcas fascistas, passaram a considerar que o presidente havia arregado ou recuado de sua promessa, que parece era de desintegrar os poderes constituídos, através de um golpe militar que lhe garantisse a continuidade do mandato de presidente.


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