Archidy Picado Filho
Archidy Picado Filho
Archidy Picado Filho

DE SUPER HUMANOS

Por: | 09/04/2025

 

Desde suas invenções, os seper heróis, abarrotados de grandes poderes e grandes responsabilidades, se mantiveram distantes de relações mais íntimas com seus protegidos, protegendo-os das investidas de seus inimigos e, ao mesmo tempo, protegendo-se do risco de, num momento, ter que decidir salvar a esposa e seus filhos ou voar pro outro lado do mundo pra evitar um ataque terrorista; ou a queda de um avião; ou a contenção de uma barragem prestes a romper; ou o salvamento de astronautas numa estação espacial - como agora é o caso do Super-homem nessa série da HBO, às voltas com problemas familiares depois que casou e teve dois filhos com Lois Lane.

Mas, a não ser no argumento, não há novidade no processo de humanização dos superes. 

Antes que Frank Miller nos mostrasse os super-dilemas de Bruce Wayne sob a pele de Batman, Stan Lee inventava o Homem-aranha, um adolescente universitário órfão, criado pela tia viúva com problemas financeiros e uma namorada pra dar conta nas poucas horas vagas de sua voluntária dedicação à luta contra o crime.

Pegando carona nessa "vaibe" de humanização dos superes, eu mesmo escrevi, há mais de 35 anos, "A última história de Batman", onde conto o Homem-morcego com problemas à manutenção da sobrevida de Alfred, chantageado por traficantes, odiado pela polícia e alcoólatra.

Pensei ter exagerado na época, mas quase quatro decadas depois lançaram a série "The Boys" (Prime Vídeos) que, herdeira de tudo o que outros artistas fizerem, depois de "Os Incríveis" e seus processos judiciais por danificação do patrimônio público (e por "pôr em perigo a vida de quem socorrem" durante os violentos embates com super-vilões), depois das ousadias estéticas à mostra de uma menina assassina em "Kick-Ass", "The Boys" nos mostra um outro super homem nada humano, um tal de "Capitão-pátria", que só não pulveriza a "humanidade" com seus lasers oculares porque, misteriosamente, há algo de humano nele, talvez provocado por seu vício em leite materno.

Para contrapor os iconoclastas produtores da série, a DC segue à conservação da tradicional imagem do bom moço Super-homem e o põe membro de uma família, algo que, agora, o fará descobrir que todos os seus poderes são insuficientes à conquista de uma super rápida superação de certos grandes problemas, muitas vezes, insolúveis.

Só espero que, no processo de super humanização do Super-homem, nunca nos mostrem ele ingerido um comprimido de Kriptonita.


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