José Mário Espinola
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A MUDANÇA DA BANDEIRA, por José Mário Espínola

Por: Crônicas de José Mário Espínola | 30/09/2025

A MUDANÇA DA BANDEIRA, por José Mário Espínola

Há alguns dias, o cronista e escritor Sérgio Botelho publicou alguns artigos sobre o tema, no seu blog Parahyba e as Suas Histórias. Acompanhando, ele enviou-me imagens da antiga bandeira do Estado da Paraíba (reproduzida acima). Ela chama a atenção pela sua beleza singela.

Mais simples, é composta por listas horizontais verdes e brancas, representando os nossos campos. Ao centro um círculo amarelo contendo um brasão onde podem ser vistas 15 estrelas, que representavam os municípios da época em que vigia. Em seu centro, as palavras que enunciam a data da fundação da província, 5 de Agosto de 1585.

A outra (ver abaixo), mais bonita, apresenta duas metades verticais, uma verde e a outra branca. Em seu centro, um grande brasão contendo referências a nossa agricultura e a nossa pecuária. É lateralizado por galhos da cana-de-açúcar e ao algodão, as nossas riquezas da época. 

Explica Sérgio Botelho que essas eram as bandeiras vigentes até ser deflagrada a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas deu um golpe de estado, apoiado por políticos da Parahyba e de Minas Gerais.

Embalados pela vitória, políticos do PL (Partido Liberal, do então governador João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque), ainda sob a comoção do assassinato de seu líder maior, o presidente João Pessoa, exigiram que fossem feitas as seguintes alterações: o nome da capital, Parahyba, passaria a ser João Pessoa. E a bandeira da província passaria a ter outra figura, com os respectivos significados (abaixo).

Ainda Sérgio Botelho: “…O projeto da nova bandeira, que simbolizava mais um capítulo de exaltação à memória de João Pessoa, apresentava a nova insígnia paraibana dividida entre o preto (do luto) e o vermelho (da Aliança Liberal, partido ao qual pertencia o líder assassinado), e no centro a palavra ‘Nego’.”

Esta expressão reproduziria “… a rejeição do presidente paraibano, negando apoio à candidatura do paulista Júlio Prestes, à Presidência da República, que lhe havia sido encaminhada pelo então presidente brasileiro, Washington Luiz”.

Continuando, Sérgio Botelho explica que a mudança esbarrou no veto do presidente interino, Álvaro de Carvalho. Para justificar seu veto à nova bandeira, ele contra-argumentou que a bandeira apresentada era “uma simples criação de partido”, que a bandeira de um estado deveria sintetizar “aspirações coletivas” e “símbolo de vida normal”. E que deveria expressar “a ambiência da alma do povo que a elege” como símbolo.
Porém, o presidente Álvaro de Carvalho usou a prudência, e deixou a promulgação da bandeira a critério dos deputados provinciais. Estes decidiram, então, mudar o pavilhão estadual.

***

Há muito ouço manifestações de insatisfação com a nossa atual bandeira. Vez por outra isso vem à baila, junto com o desejo de mudar também o nome da nossa capital, João Pessoa.

A mais recente campanha é coliderada pelo também escritor e jornalista Rubens Nóbrega. Ele convoca os cidadãos paraibanos a mudar o atual pavilhão do Estado da Paraíba para outro que contenha símbolos que representem realmente o nosso Estado, a nossa gente.

Há muito tempo, venho pensando o mesmo em relação à bandeira. Trata-se, para mim, de um símbolo anacrônico, cujo momento de comoção que então motivou-a desde há muito já se encontra superado. As cores vermelha e preta representam um momento de disrruptura da sociedade de então, o qual hoje não mais existe. Assim, essa bandeira já não nos representa mais.

Assim, venho a me acostar à iniciativa dos dois escritores, e me engajar na campanha para mudar, de forma constitucional, a bandeira do Estado da Paraíba.

Temos a certeza de que este nosso gesto será acompanhado pela sociedade paraibana. Temos igualmente a convicção de que, assim, a classe política também será sensível a esta iniciativa.


FONTE: Blog do Rubão (rubensnobrega.com.br) - Acesse

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