Eu não o conhecia, quando, no começo dos anos 80, recebi carta sua dizendo-me aluno – dentro do Mestrado de Teoria Literária, na UFRJ - do grande poeta, crítico de Arte e cronista Affonso Romano de Sant Anna, e que – tendo como foco a “carnavalização da literatura” ( conforme Mikhail Bakhtine ) - estava-se estudando meu romance "A Verdadeira Estória de Jesus" como parte de seu curso. Trazendo do Rio o título de Mestre em Teoria Literária, com sua dissertação sobre a produção autobiográfica de Antonio Carlos Villaça ( trabalho publicado em 92 pela Edições Tagores com o nome de “Travessia do Mosteiro” ), passou - aqui - a ministrar aulas de língua portuguesa, no Ciclo Básico, depois de Literatura Brasileira e Teoria Literária, na UFPB. Em 88 voltou à UFRJ pra fazer seu Doutorado, que obteve com a tese “O desânimo negro em Eu e outras poesias”, sobre a representação literária da melancolia em Augusto dos Anjos. Vê-se que o poeta maior do país se tornara, para ele, um grande enigma a ser desvendado. Produziu um outro livro, com ensaios a respeito: “A Sombra e a Quimera” e atuou durante seis anos como elaborador de provas de vestibulares e concursos, além do que - por uma década - trabalhou para o Conselho Nacional de Pesquisa. Mas – subterraneamente – a tenebrista poesia de Augusto prosseguia agindo, nele, como algo daquilo que Macbeth chama de great natures second course, até que eclodiu “O Evangelho da Podridão - Culpa e Melancolia em Augusto dos Anjos”, editado por A União em 1994, reeditado em 2014 pela Fundação Casa de José Américo). Antonio Carlos Secchin - da Academia Brasileira de Letras -, impressionado com a sutileza e erudição da obra, disse que ela revela, de modo cabal, o alto nível que a crítica universitária pode atingir”. E que se trata de um texto que, “sem dúvida, se tomará referência obrigatória para os leitores e exegetas da poesia de Augusto."
Antonio Carlos Villaça – que fora o primeiro objeto de estudo de Viana, conhecendo por dentro, portanto, a perspicácia do analista – exalta-lhe o rigor, “o obstinado rigor, como em Valéry. E em Da Vinci”.
Aqui na Paraíba, o poeta, crítico e professor Hildeberto Barbosa Filho observou que dessa criação de Chico Viana surgia “um Augusto de extraordinária coerência estética”.
E a vida foi em frente. Servindo-se de seu conhecimento dos vestibulares, nosso autor criou, em 2004, o Curso Chico Viana, onde ensina português, literatura brasileira e redação, enquanto deixava, ao se aposentar da Universidade Federal da Paraíba, cerca de 40 trabalhos acadêmicos orientados .
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