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Israel, a ideologia antiocidental e as chances de paz no Oriente Médio

Por: | 18/03/2024

Israel, a ideologia antiocidental e as chances de paz no Oriente Médio

Washington Rocha


Caminhando para encerrar minha abordagem da questão em que já me estendi por duas colunas, preciso tratar, ainda que de maneira muito rápida, da extravagante ideologia antiocidental, precisamente porque essa nova doutrina tem como um dos alvos de desconstrução o Estado de Israel; por entender que este é um braço “decolonial” do “imperialismo ocidental”.

Tal doutrina, que elege a Civilização Ocidental como inimiga de todo progresso, libertação e felicidade a que a Humanidade almeja, foi criada e prospera no Ocidente: o pólo contrário contestador seria o Sul Global. Ou seja, intelectuais ocidentais inventaram e nutrem uma ideologia de destruição da civilização que os pariu. A essa extravagância, juntam-se várias outras; porém, quero focar naquela que mais me intriga: o fato de que na crista dos agrupamentos que perfilham o antiocidentalismo estão autoproclamados marxistas; quando a doutrina de Marx e Engels foi formulada precisamente na linha de evolução e progresso da Civilização Ocidental. Um exemplo inequívoco está no início do Manifesto Comunista:

“A história de toda a sociedade até aqui(4*) é a história de lutas de classes.

[Homem] livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo [Leibeigener], burgueses de corporação [Zunftbürger] (5*)e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta.”

(marxists.org)

Notem que “patrício e plebeu” refere-se ao mundo romano; “barão e servo” refere-se à Idade Média européia; “burgueses de corporação e oficial” refere-se ao início da Modernidade na Europa.                                                                                   

Considerem também esta avaliação feita por Lênin, no célebre artigo “As Três Fontes e as Três partes Constitutivas do Marxismo”, sobre a bagagem intelectual que permitiu a Marx e Engels construírem a revolucionária filosofia/doutrina:

”O marxismo é o sucessor legítimo do que de melhor criou a humanidade no século XIX: a filosofia alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês.”

(marxists.org.)

Agora, esses marxistas fajutos da ideologia Sul Global descobriram que a Civilização Ocidental é o que de pior criou a humanidade. E voltam sua simpatia e seu apoio para países os mais atrasados; como é o caso do Irã. Justamente o Irã, uma teocracia tenebrosa que escraviza as mulheres: as prende, espanca e mata se desobedecerem dogmas de opressão que lhes determina até o rigor no modo de vestir. De modo semelhante, essa implacável teocracia persegue os gays, sendo o relacionamento homoafetivo punível com prisão, chibatadas ou execução.

Vejam aonde a ideologia antiocidental foi atolar o marxismo.

Considerei antes que a possibilidade de encerrar o conflito entre Israel e os Palestinos estava na velha proposta de dois Estados; ou seja, como o Estado de Israel já existe, a criação do Estado da Palestina. Disse também que duas forças se opunham a tal solução: o governo criminoso de Netanyahu e o criminoso grupo terrorista Hamas, que é governo criminoso em Gaza. Acrescento agora a força da ideologia anticiocidental. Eis que ideólogos dessa mixórdia pregam que só será possível uma solução de paz para a região após o aniquilamento do “imperialismo ocidental”.

Entretanto, atitudes corajosas e vozes lúcidas se vão somando na direção da solução possível. Em Israel avolumam-se os protestos contra o governo criminoso de Netanyahu. Exteriormente, países amigos de Israel passaram a fazer pressão cada vez mais forte contra um governo cujos excessos criminosos – ao exercer seu legítimo direito de defesa – precisam ser imediatamente barrados. Nesse concerto internacional contra Netanyahu, deve-se destacar a fala do líder democrata no Senado dos EUA, senador Chuck Schumer, que declarou o primeiro-ministro israelense como “um obstáculo à paz” e pediu sua renúncia e novas eleições em Israel. Nesse sentido, as atitudes do presidente Joe Biden contra Netanyahu são ainda tímidas, mas devem avançar.

O senador Chuck Schumer é judeu e defensor intransigente de Israel; isto indica o quanto a comunidade judaica internacional já entendeu que Netanyhu é um mal para Israel. Seria importante que os palestinos e os países árabes entendessem que o Hamas é um mal para a Palestina.

Paz para Israel com seu Estado preservado! Paz para a Palestina com seu Estado edificado!

 


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