Salve o Navegante Negro
por Washington Rocha
Maldita e infame escravidão; repugnante e abominável
que ainda depois da abolição da escravatura no Brasil fossem os marinheiros
submetidos ao hediondo crime das chibatadas. Portanto, exemplo maior de
justiça, coragem e heroísmo não pode haver – no Brasil e no mundo – do que a
Revolta da Chibata. Sobre a homenagem que se prepara no Congresso Nacional ao
líder dessa Revolta, o marinheiro João Cândido, a reclamação que se pode fazer
é que vem com atraso e sem os devidos reparos materiais aos descendentes. Que o
comandante da Marinha, Almirante Olsen, venha a público repudiar tal homenagem e
destilar preconceitos contra os marinheiros rebeldes é uma estúpida afronta ao
que de melhor existe na tradição de luta e liberdade dos brasileiros. O
desatinado comandante já recebeu várias e merecidas respostas, em especial
aquela de Adalberto Cândido, filho de João Cândido; que diz: “Não
quero que meu pai seja um herói da Marinha, ele é um herói popular. Quero que
meu pai seja um herói do povo”.
João Cândido, o Navegante Negro, é herói consagrado
do povo brasileiro; como magnificamente recordado na música imortal “O Mestre
Sala dos Mares”, de João Bosco e Aldir Blanc, onde se diz:
“Salve
o navegante negro / Que tem por monumento / As pedras pisadas do cais”
Vamos agora, mais uma vez, homenagear João Cândido, ouvindo
a música; na voz de Elis Regina.
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