Cavaleiro da Esperança
Cavaleiro da Esperança
Cavaleiro da Esperança

De terras de onde vier, quem virá?

Por: Aurélio Aquino | 16/05/2024

De terras de onde vier, quem virá?

das terras de onde não venho
nem o medo me acontece
pois tudo que me é outro
ainda assim me parece
como as luas que invento�
e que se põem no meu tempo

das terras de onde não venho
melhor deixar-me alheio�
que navegar nesse vau�
de rios que me concedo
em que a correnteza nem teima
em lavar-me do meu medo

das terras de onde não venho
a poesia não medra�
como o mel inconsumível�
que brota de toda pedra
e que descompassa o coração
com a insistência da guerra

das terras de onde não venho
melhor fincar-se a bandeira
no espaço da consciência�
em que drapeja a centelha
do tanto que seja o sonho
de tudo que não se queira

das terras de onde não venho
o outro me aconselha�
a ver em tudo só terra�
de uma mesma bandeira
que escorrega pela alma
e o coração incendeia

das terras de onde não venho
proceda meu coração�
com a certeza do rumo�
de um país temporão
que teima em ser usina
de fabricar solidão

das terras de onde não venho
tenha-se enfim a certeza�
de que nem sempre me é estranho
o descaso da natureza�
que meu peito teima em conceber
apesar de uma vã incerteza

II

outro�
a terra�
o bruto�
grito e guerra�
de tudo que não sou
e pedra

outro�
eu� incorre
e torna-se em mim
e morre
como se não estranhas fossem
a posse e a morte

outro�
sou eu�
e como eu divirjo
da consciência
que não outro
nem duvido

outro�
sou eu�
pelas calçadas�
das ruas�
em que me abraço

outro�
sou eu�
pelos destinos�
em que nem caibo

outro�
sou eu�
pelo desuso
das almas

outro�
sou eu�
a tanto custo
pelo que� sou eu�
e luto.

III

das terras de onde venho
invento a compreensão�
que outras terras dizem de todos
e tão assim servirão
que nas dobras do futuro
de uns e outros serão

as terras de onde venho
sempre em mim caberão
apesar de sobrarem fartas
na simples sem razão
de ser uma pátria só
quando todas já nem são

pois a pátria do homem
é sempre o coletivo�
não a terra que lhe cabe
como espaço restrito
é antes a compreensão
de que as pátrias acabam
e só indicam a verdade
de que apenas habitam, no homem,
a carteira de identidade.


FONTE: Facebook - Acesse

Todos os campos são obrigatórios - O e-mail não será exibido em seu comentário