Memórias de Alberto Nunes
O nome do livro, “O ANO QUE FICOU – 1968 Memórias Afetivas”
(Washington Rocha e Telma Dias Fernandes – Autores/Organizadores), me faz refletir
que este ano de 1968 nunca acabou, está presente até hoje.
Observamos que milhares de participantes desta época, em todo o País, ainda
hoje, de alguma forma, em determinados momentos, intervêm, como que carregando os
princípios e a energia em função de algum fato que se apresenta.
Interpretando o significado do livro e a dinâmica que tomou, com depoimentos
que extrapolam o ano referido, me faz refletir que existe uma continuidade daquele
período, não estando até hoje resolvidas as contradições entre a concentração de renda e
as oportunidades de trabalho para a população.
O ano que ficou ou nunca acabou. Por exemplo, no Encontro ME 70 -
Movimento Estudantil dos anos 70 na UFPB, Paraíba, em 08 de dezembro de 2017,
mais de 300 companheiras e companheiros interagiram, de forma presencial ou por
ZAP. Depoimentos políticos e manifestações artísticas; murais de poesias foram
resgatados desta época: Francis Zenaide recitou poesias; Pedro Osmar cantou músicas
daquela época e lançou um CD; Idalmo da Silva contribuiu com textos poético-
filosóficos, envolvendo o próprio, Augusto dos Anjos e Florbela Espanca; Waldir
Porfírio contribuiu com montagens foto-poéticas de temas sociais.
Lembrei me de sua inteligência desde o tempo do Movimento Estudantil da década de 70, lá por volta de 1975. Ex: Muitos estudantes estavam reunidos no DCE da UFPB para encaminhar uma chapa em contraposição a chamada Reforma, quando depois de longas discursões apareceu o companheiro Washington Rocha e disse: bota o nome de ALTERNATIVA. E Alternativa concorreu nos 36 cursos da época, cada curso com seis inscritos. Alternativa concorreu e foi a mais votada em muitos cursos, um DA de tecnologia, participou de Congressos da UNE e levou por quase uma década, intervindo no ME. Então, a genialidade de Washington Rocha deu um nome a todo um Movimento. Carlos Alberto DANTAS FOI ELEITO PRESIDENTE DO DCE.
Washington: Também registro o nome só saudoso companheiro João Bosco do curso de Direito. Me lembro que uma vez chegou com uma delegação de cinquenta estudantes de Direito numa Assembleia do DCE.
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Memórias de Marcus Paiva
Praça João Pessoa. Eu comprava Jornal do Brasil e o Estado de São Paulo, e ficava ali,
debaixo daquele monumento que tem no centro da Praça, lendo os jornais, quando vi
uma notícia de que mataram no Rio de Janeiro um estudante chamado Edson Luís.
Fiquei extremamente chocado com aquilo. Vi o color político daquela situação. O que é
que eu fiz? Não tinha nenhuma ligação partidária, foi a revolta de um menino: fui ao
Liceu Central à noite, pedi licença para entrar na sala de aula, e comecei a contar que o
governo militar assassinou um estudante, um líder, no Calabouço, e tal... Eu
conclamava todos eles a saírem das aulas, interromperem e decretarem greve, greve
geral. Quando foi no outro dia, aquilo se espalhou.
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Memórias de Lourdes Meira
Mas essa juventude não fazia só política. Geralmente eram bons alunos, liam muito,
estudavam o marxismo, eram ligadas a arte e a cultura. Foi o tempo dos cineclubes, dos
cinemas de arte, centros culturais, bate papo em barzinhos. No corre-corre, fugindo da
polícia surgiram grandes amores. Alguns floresceram como o de Everaldo e Leda, de
Fátima e Vicente, outros foram interrompidos pela ditadura, que obrigava alguns a cair
na clandestinidade e os casais se perderam. Foram o meu caso e o de Socorro Fragoso.
Para nós mulheres foi uma fase importante. Na rua enfrentávamos a polícia e em
casa a reação da família. A maioria enfrentou o desafio e isso contribuiu para um
amadurecimento político e pessoal. A situação delas foi marcante e corajosa.
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