Archidy Picado Filho
Archidy Picado Filho
Archidy Picado Filho

Eu e as mulheres

Por: | 08/10/2024

 

Introdução de um livro em desenvolvimento



As primeiras mulheres com quem temos contato são nossas mães.

Símbolos da expressão do Amor, cujo ícone maior é a Virgem Maria, a elas dedicamos um dia por ano em reconhecimento de suas disposições pra doarem-se integralmente, de corpo e alma, à geração de outras pessoas que, gratas por toda dedicação de suas mães à amorosa preservação de suas vidas, reúnem-se em família a lhes prestarem justas homenagens.

Mas antes de serem mães – e de, numa declaração de amor, dizerem que ser mãe é “padecer no Paraíso” – ser mulher não é fácil, embora, para facilitar-lhes a vida, no reconhecimento de suas dificuldades naturais, tenhamos-lhes considerado dignas de todas as atenções, todos os cuidados, todas as honras; e mesmo que, a pretexto de que sejamos naturalmente seus guardiões, reclamem que aumentamos suas dificuldades as impedindo de, desde crianças, irem para aonde desejarem, enquanto estimulamos meninos às aventuras das descobertas; e mesmo que também os submetamos a uma liberdade vigiada, nunca os liberando completamente se pensarmos não estarem agindo como pensamos que devem, quando, então, tanto quanto as meninas, farão o que desejam às escondidas. Depois de pequenas (e grandes) traquinagens, principalmente às atuações no mercado de trabalho quando, contrariando expectativas paternas e maternas de que conquistem segurança financeira na escolha de uma profissão rentável e “segura”, decidem trilhar os caminhos apontados por suas vocações; quando as têm ou descobrem.

Sim: mais que as crianças, as mulheres merecem todos os cuidados e honras; e mais atualmente. Porque, em meio às repressões que se lhes impuseram os pais – naturalmente como formas de protegê-las das investidas dos ávidos garanhões que, como eles, tudo dominam (ou querem dominar) do que para puni-las perversamente por faltas não cometidas – durante séculos elas tiveram que se obrigar a suportar maridos identicamente castradores e, muitas vezes, perversos.

Mas, com toda submissão sofrida, mesmo que patriarcas cristãos nos tenham dito serem necessariamente os homens os “cabeças das famílias”, esposas são comumente reconhecidas “patroas”, já que, em relacionamentos conjugais, não sendo conveniente desagradá-las, sempre dão (ou devem dar) “a última palavra” em quaisquer decisões sobre como desenvolver o progresso da família.

Com o tempo, entre muitas vezes violentos embates domésticos entre libertadores debates e ações sociais, apoiadas por homens de boa vontade, finalmente as mulheres conquistaram espaços fora de casa às atuações de suas competências profissionais; quando têm, pois passaram décadas na condição de “rainhas do lar”; entre atender as necessidades dos seus rebentos e dispostas a darem-se às satisfações de seus maridos, sem que tivessem tempo para descobrir, além da maternidade, suas outras vocações.

Contudo, para algumas mulheres, ainda hoje basta realizar a maternidade e enfrentar as dificuldades que dela advém – embora, invadindo as universidades, tenham aumentado consideravelmente o número das que querem conhecer in loco “o mundo da lua” onde, desde meninos, disseram que nós, homens, vivemos pra investigar os mecanismos da Vida e formas de controle total sobre as naturezas, pretensão digna das compulsivas curiosas e dominadoras criaturas que somos.

Ainda que nos considerem “prepotentes”, exercitando inteligências, matando curiosidades ao mesmo tempo em que as multiplicam, homens e mulheres querem saber, dominar, construir e, quando pensam necessário, reconstruir tudo; escrever novos capítulos à História – embora, no caso das mulheres, por maior influência da afetividade em suas ações (que cremos possuírem mais do que nós) o “espírito feminino” possa melhor administrar o destino do mundo à final realização do Paraíso terrestre pretendido desde a época dos primeiros santos até pioneiros engenheiros e engenheiras genéticas do século XXI. Mesmo que ainda muitas pessoas, homens e mulheres, pareçam estar vivendo ainda na Idade da Pedra, ou das Trevas, como em outros tempos passados.

Sendo as mulheres amantes das flores, dos jardins e dos buquês, então, que possam cuidar melhor da “Árvore da Vida” da qual são viscerais ramificações à geração dos pretendidos bons frutos à Terra, enquanto correm a buscar reconhecimento de igualdades; mesmo que também tenham consciência de nossas naturais diferenças. E mesmo que, muitas vezes, com auxílio da Moda, se queiram ainda mais diferentes umas das outras, elas deverão nos fazer descobrir mais rápido (sic) o ponto de confluências onde desigualdades evaporam como sombras atingidas pela luz à percepção de nossa irmandade essencial; para que possamos realizar a definitiva derrubada de todas as cercas que separam o mundo em quintais e as pessoas em guetos.

Mas, após essa inevitável “babação” às mulheres – como alguns pensarão ter sido minha pretensão na introdução deste comentário – devo escrever motivado pelo tema central dessa narrativa: sobre minha vida entre as mulheres, depois que larguei o peito de minha mãe.

 Apesar de fartos, e por ter me fartado deles, tendo mamado até os três anos de idade, considerando seus “dotes” físicos, os peitos das mulheres não me causam o frisson que um convidativo lábio carnudo a ser beijado provoca, além dos cabelos, das ancas, das coxas, das bundas e das xotas às quais tive primeiros acessos; graças às iniciativas de meninas mais velhas que, ainda quando eu tinha cinco anos, me mostraram a que mais servem as mulheres além de serem mães e o que poderia fazer meu pintinho além de urinar.

Claro que eu poderia começar a contar minhas relações com as mulheres sem primeiro mencionar toda sua natural atrativa sensualidade, hoje, graças às ousadias da Moda, bem mais evidente e provocante a nossa volta. Mas, mesmo que tenham outros valores humanos, é natural que os descubramos (ou não) somente depois que prestamos atenções às suas aparências, não me sendo possível não começar mencionando o mais evidente atributo feminino ao início do interesse dos meninos e dos homens por elas; o que primeiro motiva desejo de estar entre elas; principalmente quando dispostas a nos dar outros prazeres além dos carinhos maternos, e aí foi impossível não olhar para as mais belas e cativantes sem vontade de pô-las no colo e beijá-las até a exaustão; como, a partir de minha mãe, fizeram comigo aquelas primeiras meninas de minha infância.

Mesmo que muitos homens sejam ou pareçam rudes, avessos as “frescuras” femininas (embora não aos seus frescores), não apenas as mulheres reconhecem os carinhos como as maiores expressões do Amor a dar-se num sorriso, num olhar, em toques, num abraço, num beijo, num afago e em todos os outros movimentos sensuais que tendem a nos proporcionar extremo bem estar.

Mas ainda que tenham se aberto generosa e frequentemente a mim, eu só me meti completamente numa delas aos vinte e um anos, tendo casado sem que ainda tivesse estado profundamente numa mulher; a não ser com minha língua e meus dedos durante namoros em sarros que, exploradores das entrâncias e reentrâncias dos corpos femininos, da boca à vulva, terminaram por descobrir o principal ponto de estímulo à plena libertação de seus múltiplos orgasmos.

Na narrativa que se segue, onde faço resumo dos relacionamentos que tive com as meninas de minha infância e as mulheres de que me lembro, omiti nomes de algumas com quem estive perigosamente envolvido – assim como nome da primeira com quem estagiei às descobertas dos prazeres e dos incômodos do matrimônio – trocando-os por suas iniciais para preservar suas identidades e integridade moral; mesmo que, durante os relacionamentos, tenha descoberto raro reconhecê-la, sendo um de meus preconceitos frequentemente contrariado: o de que, como referendei no início, atuando sempre numa pretendida imitação da adorada Virgem Maria, as mulheres, por serem mulheres, tenham ou devam ter melhor caráter que nós, sem que aqui pretenda reforçar nenhum tipo de preconceito contra ou a favor delas, às vezes consideradas “males necessários”; algo que nós, muitas e muitas vezes, sistemática e infelizmente mais temos sido pra elas.


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