A escrita literária me parece um mundo aleatório onde tudo cabe e onde nada se mostra por inteiro. As coisas que se narram ou se descrevem, ora se nos revelam lógicas, reais, em legítima sintonia com seus desdobramentos esperados. Como se tudo estivesse no lugar certo e na hora adequada, sem surpresas nem desconforto. Ora se revelam absurdas, incontroláveis, dissolvidas numa pastosa e ameaçadora cadeia de conflitos e contradições insolúveis. Decerto, isto ocorre, para se tentar enclausurar, na jaula da linguagem, o fluxo caótico e indeterminado da vida.