Carlos Drummond de Andrade nunca quis a Academia. Mário Quintana e Érico Veríssimo, só para ficar entre os gaúchos, nunca tiveram pousada por lá. Sabiam que havia alguma coisa de podre no Reino da Dinamarca! Aqui, na APL (Academia Paraibana de Letras), a coisa como que se repete. Ora como farsa, ora como verdade, ora como caricatura. Difícil, no entanto, distinguir as características de tais categorias. Há os que querem preservar a sua dignidade. Digo,
a dignidade da Casa. Votar em quem sabe ler e escrever e que, de fato, contribuiu para a grandeza da cultura paraibana, com obra reconhecida e militância comprovada. Há, no entanto, os que são acadêmicos por um simples acidente de percurso. Grosso modo, é gente pomposa, engravatada, com poderes, tráfico de influências, e pouco lê e nada sabe, se o assunto é ciência, letras e artes. Estes querem fazer da Academia um instrumento de seus interesses pessoais, um trampolim para a sua vaidade e o seu regozijo. Este é um traço daqui, dali e de alhures. Nem a francesa nem a brasileira escapam ao mal dessa obscenidade. Se Drummond nunca quis pedir voto, e nem deveria nem carecia, foi, decerto, porque não via bem ali a sua casa. Penso nisto quando penso em W. J. Solha, em Braulio Tavares, em Francisco Gil Messias, em Chico Viana, em João Batista de Brito, em Raul Córdula, por exemplo. Será que também suspeitam de que existe alguma coisa de podre no reino da Dinamarca?