Não consta do Estatuto da Casa, mas deveria. Como membro da APL (Academia Paraibana de Letras), sinto-me no dever moral de procurar conhecer, por dentro, os múltiplos meandros da vida cultural, científica, artística e literária do estado. Vejo, na figura do acadêmico, uma espécie de consciência vigilante, uma espécie de termômetro crítico com inteira capacidade de apreciar melhor a obra e a vida dos que se candidatam às suas respectivas vagas. Um
acadêmico ou uma acadêmica não podem desconhecer os signos, os atores, os fenômenos da realidade cultural em que vivem. A escolha, portanto, quando das eleições, deveria pressupor o conhecimento dos méritos comprovados pelos postulantes e a sua indiscutível contribuição ao repertório histórico, estético e literário da terra. Quer em obras, quer em ações. Algumas vezes, e não têm sido poucas, as coisas não funcionaram nem funcionam assim. Resultado: a Casa perde seu brilho, rasura sua honra e dignidade, não se dá o respeito, joga fora a rara e sagrada ocasião de coroar, com sua poderosa chancela, a trajetória intelectual e criativa de algumas personalidades que, de fato, mereceriam integrar o seu quadro de sócios efetivos, ao mesmo tempo em que, agindo desta maneira, sua imagem se solidificaria perante o olhar da sociedade. Afinal, a Casa não é um patrimônio privado dos acadêmicos, mas um patrimônio público e social. Os acadêmicos, eles e elas, deveríamos pensar nisto com seriedade.