Sérgio Botelho – Andar pela rua da Areia é emocionante. Afinal, estamos falando de uma das mais antigas vias públicas da capital paraibana. No Século XIX ganhou a denominação de Barão da Passagem, em louvor a um militar brasileiro na Guerra do Paraguai. Mas não pegou. Ficou Rua da Areia, mesmo, até hoje. Chegou a ser um dos principais roteiros para amores proibidos, abrigando cabarés bem frequentados e memoráveis relatos da vida boêmia pessoense. A via, que serviu de cenário à gloriosa passagem de Dom Pedro II, no Natal de 1859, quando de sua visita à capital paraibana, guarda, ainda, resquícios de sua trajetória urbana na forma de casarões, um tanto estragados, alguns, outros revitalizados, que revelam a opulência de outrora. Sobre um desses prédios, escrevo hoje, porque segue funcional. É o da foto que ilustra a matéria. Nele operam atualmente algumas denominações maçônicas, embora identificado como sede da Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba. Segundo o Memória João Pessoa, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba, o referido prédio foi citado pelo fotógrafo-historiador Walfredo Rodrigues como sendo, no limiar do século XX, a representação da França, cujo cônsul era à época Aron Cahn, alto negociante no comércio de exportação local. Nos anos 1900, quando a construção até ganhou mais um andar, ficando em três, e platibanda (opção arquitetônica que cobre o telhado), serviu como pensionato, Secretaria de Segurança Pública e Instituto Médico Legal. Segundo descrição técnica no Memória João Pessoa, tem estilo “neoclássico com a verga em arco pleno na porta principal e na do segundo pavimento, e as janelas superiores com a bandeira de vidro”, e está tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep) por meio do Decreto nº. 8.628, de 26 de agosto de 1980. Quando cruzarem por sua calçada, não deixem de lhe dar atenção, pois tem história.
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