É preciso estarmos sempre, se possível, com a atenção plena para com as coisas que nos cercam. Moramos em meio às coisas. Somos, em certo sentido, essas coisas que nos habitam e que nos têm. A atenção plena faz convergir razão e sensibilidade, imaginação e pensamento, na captura desse outro que integra o mistério das coisas e que escapa a superficialidade do senso comum. A atenção plena nos acena para a possibilidade de percebermos, nas coisas, a sua carência ou o seu excesso. Por exemplo, um parágrafo filosófico (de um Platão, de um Montaigne, de um Nietzsche) ou um verso explosivo, desgarrado de um poema de Jorge Luís Borges, Fernando Pessoa, Charles Bukowski, podem nos aproximar dessa descoberta quase absoluta em meio às manifestações do ser das coisas.