Hildeberto Barbosa
Hildeberto Barbosa
Ainda, minha mãe
Por: | 01/12/2024
Ainda, minha mãe
Minha mãe
não me deu a poesia
que me deu o meu pai.
Me
deu, no entanto,
a prosa do mundo
que não cabe
na poesia dos homens.
Era ela
que dava as cartas
no silêncio
e
no aconchego.
Era ela
que me ensinava
as lições
de tabuada
e
geografia.
Só ela sabia
cozinhar os enredos
da vida,
fazer as contas
do leite
e
deitar com ele,
ao aroma da alfazema
e dos cavalos.
Minha mãe
queria estudar,
fugir
da melancolia
do esterco,
do principado do curral
atrás de casa,
bordar os brilhos
da cidade,
abençoar os filhos,
doutores.
Não fosse ela,
eu não teria tido
o meu Baudelaire,
o poeta,
não o cavalo.
Não fosse ela,
teria sido um vaqueiro.
Nunca teria
saído dali,
do meio dos bichos,
dentro da terra
como um verme
magro,
igual a eles
na fisiologia
e no limite.
Ou
a barbárie
ou
a civilização,
foi assim
o meu longo
aprendizado.
Gosto dos dois
porque
sou ele e ela,
em carne, osso,
glória.
FONTE: Facebook
-
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