O contraditório apoio da esquerda a Putin, um
plutocrata fascista
por Catarina Rochamonte (O Antagonista)
Uma
das narrativas mais usadas – e abusadas – pela esquerda é a denúncia do
“imperialismo” como culpado por todas as injustiças e horrores do mundo.
Todavia, aí mora uma flagrante contradição: desde a edificação na Rússia da
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922, a política
marxista-leninista (bolchevismo), passou a ser, fundamentalmente, de caráter
imperialista.
A
pregação originária do marxismo é internacionalista: para a completa vitória, a
revolução proletária terá de ser realizada sem fronteiras, sem predomínio de
qualquer país; reza a doutrina. Todavia, a partir de 1922 a URSS desenvolveu um
política expansionista com total predominância e no interesse do poder
centralizado pelo Partido Comunista (marxista-leninista) em Moscou.
A
fantasia internacionalista, na prática já esfarrapada, teve grande abalo
teórico quando Stalin elaborou a nova doutrina do “socialismo em um só país”. A
partir de então, o internacionalismo proletário marxista foi reduzido à
afirmação chauvinista da primazia da URSS e do seu Partido Comunista,
concomitantemente à total subserviência dos Partidos Comunistas de todos os
outros países.
O
corolário dessa nova práxis doutrinária foi o culto à personalidade de Stalin,
o mais arraigado e repugnante exercício de submissão a um tirano de que se tem
notícia na história contemporânea.
Pode-se
considerar que tudo isso é coisa velha e o stalinismo um regime/doutrina já
desmascarado em sua perversidade e, em geral, rejeitado até no âmbito da
própria esquerda. Nada obstante, nos dias atuais, uma franja desatinada da
esquerda descortina uma nova narrativa pela qual busca reviver o passado de
expansionismo soviético projetando suas fantasias no atual ditador da Rússia, o
belicoso Vladimir Putin.
Aqui
no Brasil, intelectuais marxistas, jornalistas lulopetistas e até partidos
políticos declaram sua simpatia por Putin e apoiam atos de expansão
imperialista como a invasão da Ucrânia, incidindo em nova contradição, uma vez
que Putin não é marxista, não é comunista e não é socialista.
A
plutocracia de Putin
Putin
é um plutocrata que governa apoiado por uma rede de bilionários enriquecidos
por esquemas de corrupção facilitados ou promovidos pelo governo.
A riqueza
dos plutocratas amigos de Putin não é escondida, mas pelo contrário ostentada
não só na própria Rússia como em vários países do exterior, por cujos mares
tais nababos costumam navegar em seus luxuosíssimos iates.
Para
sustentar tal poder, o governo Putin – principalmente após o início da guerra
de invasão da Ucrânia, – enveredou pela prática de controle social tipicamente
fascista, com censura e repressão extremas aliadas a um nacionalismo
expansionista.
Já em
setembro de 2022, a então relatora da ONU sobre a Rússia, Mariana Katzarova,
alertou em relatório que os métodos repressivos russos recrudesciam e se
sofisticavam com a edição em série de leis que visavam abafar qualquer crítica
ou oposição.
Embora
reconhecendo que a repressão de Putin não era comparável à repressão de Stalin,
o relatório exortava a comunidade internacional a barrar o tirano enquanto
fosse tempo.
Com
efeito, não é fácil atingir o horror da repressão stalinista, mas o regime de
Putin tem feito esforço.
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