Ontem, 21/09, na sede do Corpo Freudiano, foi dia de se pensar em “Cinema e Psicanálise”.
A convite da coordenadora, Dra Ana Carvalho, dei palestra sobre a relação de Freud com o cinema, que dividi em quatro partes, assim denominadas: (1) O que Freud perdeu, (2) Freud policial; (3) Freudianas; e (4) Freud mal usado.
Na primeira parte lamentei a aversão de Freud ao cinema, e sua grande perda, que foi o Expressionismo Alemão, movimento cinematográfico do cinema
mudo, com fortes traços incrivelmente “freudianos”.
Filmes mencionados e ou discutidos: “O gabinete do Dr Caligari”, “A última gargalha”, “Metropolis”, “Aurora”, com concentração em “O anjo azul” (de Joseph von Sternberg, 1930)
Na segunda parte dei ênfase a uma ironia histórica: a de como Freud, que detestava cinema, tornou-se, logo depois de falecido, assunto frequente de um certo subgênero hollywoodina chamado de “Cinema Noir”.
Filmes discutidos: “Espelhos d´alma” (The dark mirror, 1946, de Robert Siodmark); “Numa noite sombria” (Manhandled, 1949, de Lewis Foster); e “Passado tenebroso” (Dark Past, 1948, de Rudolf Maté).
A terceira parte tratou de filmes de décadas diferentes que abordaram a temática de mulheres que, por razões misteriosas, que não se explicam sem investigações subjetivas, cometeram crimes.
Filmes discutidos: “Amar foi minha ruína”, 1945, de John M. Stahl; “Jeanne Dielman”, 1975, de Chantal Akerman; e “Júlia e Júlia”, 1987, de Peter Del Monte.
Na quarta e última parte fiz o comentário crítico de dois livros que enfocam a relação cinema/psicanálise, a saber: “Cinema no divã”, de Danit Falberl Pondé (Ed Leya, 2015) e “Os filmes que vi com Freud” de Waldemar Zusman (Ed Imago, 1994).
Não tratei de filmes que deram a Freud a posição de personagem, mas destaquei um clássico que o fez: o “Freud além da alma” (1962) do grande cineasta John Huston.
Enfim, a palestra não quis ser um “ensaio falado”, mas, mais modestamente, uma, digamos, “reportagem falada”. Espero ter correspondido às expectativas da plateia, esta quase toda constituída de profissionais da área da Psicanálise, que, no final, enriqueceram o debate com oportunas observações sobre a temática.