O Homem do Jazz: embalado por trilha sonora extraordinária, filme foca drama da segregação racial nos Estados Unidos

O Homem do Jazz: embalado por trilha sonora extraordinária, filme foca drama da segregação racial nos Estados Unidos
28/12/2024

“O Homem do Jazz” (A Jazzman’s Blues)

Estrelado por Joshua Boone e Solea Pfeiffer, o drama conta a história de um amor proibido e todos os seus segredos guardados nos Estados Unidos na década de 40.

Uma das belas fotografias do filme (Os atores: Joshua Boone e Leanne Solea Pfieffer) | Reprodução

Mais uma bela surpresa ao assistir ao longa “O Homem do Jazz”, um filme dirigido pelo famoso ator Tyler Perry, que foca três grandes temáticas: a segregação racial, o amor proibido e a violência e rejeição familiar. Embalados pelo blues e pelo jazz, uma trilha sonora extraordinária, contagiante do sudeste dos Estados Unidos com destaque para a música Ornithology, conduzida pela Capitol Royale Orchestra e também a música inédita “Paper Airplanes”, interpretada por Ruth B. Tudo isso em meio a uma belíssima fotografia. O diretor e autor, que viveu durante sua infância, episódios de violência por parte de seu pai, ao escrever seu primeiro roteiro em 1995, parece ter registrado seu próprio sofrimento, 27 anos depois, a história escrita por Tyler foi transformada em filme.

Um dos temas centrais manifestado na película, trata da segregação racial e suas consequências, como a violência racista, a perseguição constante sem motivo, a expropriação dos parcos ganhos recebidos pelas pessoas negras, a negação ao acesso a serviços básicos e a locais frequentados pelos brancos como lojas, bares. Igualmente, as restrições no acesso ao emprego, à educação, ao transporte, a constante linguagem racista praticada pelos brancos dominadores provoca um comportamento de medo ou de constante vigilância diante das atrocidades cometidas. Evidencia-se na película um dos episódios mais racistas dos Estados Unidos, o Estado da Geórgia, (localizada na região sudeste do país) e que foi cenário de importantes lutas de resistência como também a de Rosa Parks no Estado de Alabama.

A história se passa na década de 1940 com a trama iniciada numa bela paisagem em que uma senhora caminha sobre trilhos de trem, chegando em um escritório com um maço de cartas em que joga na mesa de quem supostamente seria um advogado.O enredo é sobre Bayou (Joshua Boone) e  Leanne (Solea Pfieffer).

Dois jovens com muita beleza e com o vigor da juventude, logo se identificam particularmente pela condição de violência a que são submetidos. Os encontros escondidos entre eles vão revelando uma forte relação, mudando inclusive o sentimento de Bayou sobre si mesmo, que violentado e rejeitado pelo pai vai se transformando pelo poder do amor e demonstrando o quanto é um rapaz belo e talentoso. Por outro lado, Leanne, com traços marcantes de beleza, desperta-se pela pureza de Bayou o incentivando e inclusive ensinando ele a ler durante os encontros clandestinos. Ela, que mora com o avô vive a violência, nos faz indagar se não foi vítima de estupro, uma vez que em um dos encontros confessa à Bayon que “não era pura”. Em uma das ocasiões que se veem, torna-se verdadeiro momento de intensa beleza. No primeiro beijo, Bayon revela: “foi nosso primeiro beijo, nada foi tão bom em toda a minha vida”.

A mãe, do jovem que é lavadeira e dirige um bar para pessoas afrodescendentes, também cantora e dona de uma voz surpreendente, protege o filho da crueldade do pai, que é músico e ensinou o filho mais velho a tocar trompete. Ao mesmo tempo em que valoriza o irmão mais velho, oprime e prática violência com o filho mais novo. No entanto, o amor e a força da mãe, Hattie, interpretada por Amirah Vann protege o filho das agressões verbais e físicas demonstrando esse sentimento de amor e de força para com o jovem.

O mais surpreendente, é que Bayou se torna um importante cantor de jazz, para a ira do irmão que sempre o desprezou como seu pai. Os jovens apaixonados passam por diversos momentos e nós ficamos na torcida para que o amor intenso do jovem casal vença o racismo e as violências. Ele nunca consegue esquecê-la e a trama de desenvolve por longos 40 anos, de sofrimentos, segredos e mentiras.

Senti falta no filme, de manifestação de movimentos de resistência contra a tirania escravagista, e a segregação racial, alguns deles liderados por Martin Luther King Jr., Rosa Parks, Malcolm X.

Ainda assim, valem a pena as duas horas de filme, pela forte temática, pela beleza dos atores principalmente de Joshua Boone e de Amirah Vann e pela fantástica trilha sonora.


FONTE: Vermelho (vermelho.org.br)

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