02 de fevereiro de 2025, 09:30 h
247 – Em um editorial contundente publicado neste domingo, o Wall Street Journal classificou as recentes medidas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como "a guerra comercial mais estúpida da história". O jornal criticou duramente a decisão de Trump de impor tarifas de 25% sobre o Canadá e o México, enquanto aplicou apenas 10% sobre a China, seu principal concorrente econômico. A publicação destacou que essa abordagem desequilibrada faz lembrar uma antiga piada: "Ser inimigo dos Estados Unidos é perigoso, mas ser amigo pode ser fatal".
O editorial, também destacado pelo site chinês Guancha, argumentou que as tarifas não apenas prejudicam setores cruciais da economia americana, como automóveis e agricultura, mas também corroem a credibilidade internacional dos EUA. Segundo o Wall Street Journal, essa política pode dificultar a capacidade do país de negociar novos acordos comerciais no futuro, já que os aliados podem questionar a confiabilidade dos Estados Unidos.A publicação também rebateu as justificativas apresentadas pela Casa Branca para as tarifas. A secretária de imprensa, Karoline Leavitt, afirmou que Canadá e México são responsáveis pelo fluxo de drogas ilegais para os EUA. No entanto, o Wall Street Journal destacou que esse problema persiste há décadas e não será resolvido com tarifas, já que a demanda por drogas nos Estados Unidos continua alta.
Além disso, o jornal apontou que as tarifas podem desencadear retaliações por parte do Canadá e do México, países que já demonstraram capacidade de responder de forma estratégica. Em 2009, por exemplo, o México impôs tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA em resposta a uma disputa sobre transporte rodoviário. Da mesma forma, em 2018, o país retaliou com tarifas sobre produtos como aço, carne suína e bourbon após as medidas protecionistas de Trump.
O Canadá também prometeu uma resposta proporcional. O primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou que seu país não hesitará em retaliar, mesmo que sua economia seja menor e possa sofrer mais impactos. No entanto, os consumidores americanos também sentirão os efeitos, com o aumento dos preços de produtos importados.
O Wall Street Journal destacou ainda que as tarifas ameaçam a integração econômica da América do Norte, especialmente no setor automotivo. A indústria automobilística dos EUA depende fortemente de cadeias de suprimentos que abrangem Canadá e México. Em 2024, o México foi responsável por 42% das importações de peças automotivas dos EUA, enquanto o Canadá contribuiu com 13%. A produção de um único veículo pode cruzar as fronteiras várias vezes para maximizar a eficiência e reduzir custos, beneficiando todos os envolvidos.
Além do setor automotivo, as tarifas podem afetar o comércio agrícola. O México é o maior fornecedor de abacates para os EUA, respondendo por 90% do mercado, e também exporta uma variedade de frutas e vegetais. Com a escassez de mão de obra nos EUA devido às restrições à imigração, muitos agricultores americanos já transferiram parte de suas operações para o México.
O editorial concluiu que, se as tarifas persistirem, essa pode se tornar uma das guerras comerciais mais prejudiciais da história, com impactos negativos para os EUA e seus vizinhos. A publicação sugeriu que, se Trump obtiver concessões simbólicas, ele pode recuar. No entanto, caso a disputa se prolongue, as consequências serão graves para todos os envolvidos.
Enquanto isso, a comunidade internacional observa com preocupação. A China já se manifestou, afirmando que guerras comerciais não têm vencedores e que as medidas unilaterais dos EUA violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Outros países também temem que as ações de Trump possam desencadear um conflito comercial global, com repercussões negativas para a economia mundial.
A guerra comercial de Trump, segundo o Wall Street Journal, não apenas coloca em risco a estabilidade econômica da América do Norte, mas também ameaça a reputação dos Estados Unidos como um parceiro confiável no cenário internacional.
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