Eleições na Venezuela: site dos resultados oficiais está indisponível após suspeitas com as contas da vitória de Maduro

Eleições na Venezuela: site dos resultados oficiais está indisponível após suspeitas com as contas da vitória de Maduro
29/07/2024


Os resultados das eleições presidenciais na Venezuela, anunciados oficialmente pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), têm gerado grande controvérsia e um ambiente de instabilidade política no país – e sucessivos apelos de clarificação por parte da comunidade internacional. Após terem sido lançadas suspeitas sobre os resultados oficiais, que deram a vitória a Nicolás Maduro, o site do CNE está temporariamente fora do ar, complicando ainda mais a situação e alimentando suspeitas sobre a legitimidade dos resultados divulgados.

De acordo com as informações publicadas pelo CNE, Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos. No entanto, este resultado é amplamente contestado pela oposição, que alega que o candidato Edmundo Gonzalez Urrutia terá obtido uma vitória esmagadora, com 70% dos votos, e recusa-se a reconhecer a vitória de Maduro, qualificando-a como fraudulenta.

O site oficial do CNE enfrentou problemas técnicos desde as 10:54, dificultando o acesso às informações e o esclarecimento da situação.

A controvérsia foi ainda alimentada por uma alegação do especialista em política sul-americana, citado pela CNN, Andrés Malamud. Segundo Malamud, a soma dos resultados apresentados pelo CNE supera 100%, atingindo um total de 121,20%, levantando ainda mais suspeição sobre a precisão e a integridade dos resultados anunciados.

A falta de acesso ao site do CNE impede a verificação independente dos resultados e a correção de possíveis discrepâncias. Enquanto isso, a oposição continua a exigir uma investigação imparcial e a convocar manifestações contra o que consideram uma eleição manipulada.

A controvérsia em torno dos resultados eleitorais gerou uma reação significativa tanto no âmbito nacional como internacional. Organizações internacionais e observadores eleitorais expressaram preocupações sobre a transparência e a equidade do processo eleitoral.

Ao mesmo tempo, o governo de Maduro mantém a sua posição e considera a reeleição como um sinal de apoio popular e legitimidade.

Josep Borrell pede transparência no processo eleitoral na Venezuela
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apelou à “total transparência do processo eleitoral” na Venezuela, após a declaração de vitória de Nicolas Maduro, que está a ser contestada pela oposição.

“Os venezuelanos votaram sobre o futuro do país de forma pacífica e em grande número. A vontade deve ser respeitada. É essencial garantir a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem pormenorizada dos votos e o acesso [aos documentos] das assembleias de voto”, afirmou Borrell numa mensagem publicada nas redes sociais.

A oposição venezuelana reivindicou a vitória nas eleições presidenciais de domingo, com 70% dos votos, disse aos jornalistas a dirigente Maria Corina Machado.

Entretanto, o secretário de Estado norte-americano afirmou que os Estados Unidos estão “seriamente preocupados” com o resultado anunciado das presidenciais da Venezuela, cuja vitória oficial foi atribuída ao atual Presidente Nicolas Maduro.

“Vimos o anúncio feito há pouco pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela”, disse Antony Blinken, que se encontra em Tóquio.

“Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”, disse Blinken à imprensa japonesa, junto aos homólogos da aliança Quad, que inclui também Japão, Austrália e Índia.

Portugal pede “verificação imparcial dos resultados eleitorais na Venezuela” e promete acompanhar a “comunidade portuguesa”

O Governo português pediu esta segunda-feira a verificação imparcial dos resultados das eleições presidenciais de domingo na Venezuela, nas quais o Presidente Nicolás Maduro reclamou vitória. O Ministério dos Negócios Estrangeiros “saúda a participação popular e considera ser necessária a verificação imparcial dos resultados eleitorais na Venezuela”, lê-se numa mensagem publicada na rede social X.

“Só a transparência garantirá a legitimidade; apelamos à lisura democrática e ao espírito de diálogo. Acompanhamos sempre a comunidade portuguesa”, sublinhou o MNE.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que o Presidente cessante Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos. Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.

Os resultados foram anunciados depois de contados 80% dos boletins de voto e 59% dos eleitores terem comparecido às urnas. O resultado “é irreversível”, declarou.

A oposição venezuelana reivindica a vitória nas eleições presidenciais de domingo, com 70% dos votos, disse à imprensa a María Corina Machado. O candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia obteve 70% dos votos, afirmou a líder opositora, recusando-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.

María Corina Machado afirmou que nos próximos dias “serão anunciadas ações para defender a verdade” e o “respeito pela soberania popular” que no domingo “se expressou e elegeu” González Urrutia.

Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Nicarágua, Cuba e Irão, mas outros demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela além de Portugal, como Espanha e Estados Unidos.

*Com Lusa



FONTE: Sapo (sapo.pt)

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