Publicado em 4 de setembro de 2025 por Tribuna da Internet
Thaís Barcellos
O Globo
O Banco Central rejeitou, na noite desta quarta-feira, a operação de compra do Banco Master pelo BRB, instituição financeira estatal administrada pelo governo do Distrito Federal. As partes já foram notificadas da decisão do BC, depois do fechamento do mercado. A expectativa é que o BRB divulgue um comunicado nas próximas horas.
A operação foi anunciada no dia 28 de março e previa a aquisição de 58,04% do capital social total do Banco Master (49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais) pela instituição detida pelo governo do Distrito Federal. As empresas manteriam as estruturas das empresas apartadas, com compartilhamento de governança, expertise, sinergias e coordenação estratégica e operacional.
RISCO EM CDB – Segundo fontes próximas a operação, o BC tinha uma preocupação com a sucessão de CDBs emitidos pelo Master. Mesmo com esses títulos retirados do negócio, o regulador avaliava que havia um risco de corresponsabilidade pelo BRB.
O BC tinha um ano para decidir, mas se antecipou. A operação como um todo está envolta em polêmicas. O Master enfrentava problemas de liquidez e dificuldades para honrar os compromissos assumidos com investidores.
A estratégia de operação do Master se baseava em captações via CDBs com retornos acima da média do mercado, com a salvaguarda do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Por outro lado, os ativos para fazer frente a esses compromissos são em parte ilíquidos, como os precatórios e a participação em empresas em crise.
RESSARCIMENTO – Nesse caso, se o Master quebrasse, o FGC, que é formado com contribuições das instituições financeiras associadas, teria de arcar com um volume relevante de ressarcimento para pessoas físicas com aplicações de até R$ 250 mil de pessoas físicas – um problema para o sistema financeiro.
Segundo o balanço de 2024, o Master tinha R$ 12,4 bilhões de CDBs a vencer até o fim deste ano, contra um ativo total para o mesmo período de R$ 18,3 bilhões. No total, o estoque de CDBs e CDIs era de R$ 49,8 bilhões. A liquidez do FGC, em junho de 2024, era de R$ 107,8 bilhões.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Notem que o esforço da Tribuna da Internet não foi em vão. Recebemos um volume enorme de denúncias sobre essa negociata, que transformamos num dossiê e enviamos uma cópia ao Banco Central, outra à Comissão de Valores Mobiliários e uma terceira ao Tribunal de Contas da União. Detalhe: as cópias ao Banco Central e à Comissão de Valores Mobiliários foram entregues pessoalmente. com registro nos protocolos das repartições. O assunto é importantíssimo e voltaremos a ele, com mais calma. (C.N.)
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